Evangelho de quarta-feira: A missão dos doze

Evangelho da 4ª Feira da 25ª semana do Tempo Comum e comentário do Evangelho.

Evangelho (Lc 9,1-6)

Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, enviou-os a proclamar o Reino de Deus
e a curar os enfermos.

E disse-lhes: “Não leveis nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas. Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí; e daí é que partireis de novo. Todos aqueles que não vos acolherem, ao sairdes daquela cidade, sacudi a poeira dos vossos pés, como protesto contra eles”.

Os discípulos partiram e percorriam os povoados, anunciando a Boa Nova e fazendo curas em todos os lugares.


Comentário

Jesus faz os doze apóstolos participarem da sua própria missão. Quando Ele os escolheu, chamou-os de “apóstolos” (cf. Lc 6,13), que significa enviados, pois ia enviá-los para realizar o que Ele fez desde o início da sua vida pública: curar os doentes, expulsar os demônios, pregar o reino de Deus. Estas tarefas ultrapassavam em muito as possibilidades humanas daqueles doze homens, a maioria deles pescadores, sem nenhuma preparação especial. Mas é surpreendente a solicitude com que eles responderam à chamada. Com quase nenhuma bagagem, sem provisões, lançam-se convencidos de que aonde quer que se dirigirem e forem bem recebidos, não lhes faltará nada necessário para o seu sustento. Eles sabem que Deus proverá o que fizer falta, porque confiaram no mestre, não em suas próprias forças.

Os primeiros doze começam a sentir sede pela salvação das almas, a mesma sede de Jesus. Foi por isso que Ele veio ao mundo. “Por nós, homens, e pela nossa salvação, desceu dos céus”, confessamos no Credo. Esta aspiração dos apóstolos é muito diferente do mero desejo de triunfar. Além disso, eles sabem que terão que estar preparados para possíveis fracassos em sua missão, e não ter medo de dar, também nessa situação, um testemunho claro, para que os habitantes que os rejeitaram nunca possam dizer que ninguém lhes contou nada sobre a boa nova do Reino de Deus. Quem sabe se este “testemunho contra eles” acabará dando frutos também? “Fracassaste! – Nós nunca fracassamos. – Puseste por completo a tua confiança em Deus. Não omitiste, depois, nenhum meio humano. Convence-te desta verdade: o teu êxito – agora e nisto – era fracassar. – Dá graças ao Senhor e... torna a começar!”[1].

Na Igreja do século XXI, Jesus não deixa de escolher e enviar novos apóstolos, para que, onde estiverem, confiando completamente na sua palavra e compartilhando a mesma sede de almas de Deus, possam curar os doentes da alma e impregnar os corações com a doutrina salvadora de Cristo.


[1] São Josemaria, Caminho, n. 404.

Josep Boira // Foto: Muhammad Ruqiy - Unsplash