Meditações: Epifania do Senhor

Reflexão para meditar na Epifania do Senhor. Os temas propostos são: Os Magos representam todas as nações; Levar a redenção a todas as almas; Iluminar com nossa própria vida.

- Os Magos representam todas as nações

- Levar a redenção a todas as almas

- Iluminar com nossa própria vida


“Não há muito tempo” – dizia São Josemaria – “tive ocasião de admirar um baixo-relevo em mármore que representava a cena da adoração do Menino-Deus pelos Magos. Emoldurando esse baixo-relevo, viam-se outros: quatro anjos, cada um com um símbolo – um diadema, o mundo coroado pela cruz, uma espada, um cetro. Foi assim que alguém ilustrou plasticamente, com símbolos bem conhecidos, o acontecimento que hoje comemoramos: uns homens sábios – a tradição diz que eram reis – prostram-se diante de um Menino, depois de perguntarem em Jerusalém: Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? (Mt 2,2)”[1].

Epifania significa aparição ou manifestação. Celebramos com alegria a manifestação do Senhor a todas as nações, representadas nestes Magos vindos do Oriente. Depois dos pastores, o Senhor se dá a conhecer a estes misteriosos personagens. Na Epifania, Deus apresenta seu Filho “às nações, guiando-as pela estrela”[2]. Descobre-se “a verdade sublime que Deus veio para todos: todas as nações, línguas e povos são acolhidos e amados por Ele. Símbolo disso é a luz, que tudo alcança e ilumina”[3]. O menino recém-nascido é o Messias prometido aos israelitas, mas a sua missão redentora se estende a todos os povos da terra. “Celebramos Cristo, meta da peregrinação dos povos em busca da salvação”[4].

O Evangelho nos diz que os Magos “entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Ajoelharam-se diante dele, e o adoraram” (Mt 2,11). Em sua adoração vemos representadas milhões de pessoas de todos os cantos da Terra que se puseram em caminho, chamadas por Deus, para adorar Jesus Cristo. Este é o significado integral da profecia de Isaías: “Levanta-te, acende as luzes, Jerusalém, porque chegou a tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor”. O profeta dirige a sua voz à cidade santa, figura da Igreja, a nova Jerusalém, luz das nações. De todos os lugares virão reis e povos, atraídos pelos fulgores de sua glória. Mãe e mestra de todos os povos, a Igreja os acolhe em seu seio e os apresenta como um dom precioso a Cristo.


JÁ PASSARAM mais de vinte séculos desde a adoração dos Reis Magos e aquele longo desfile de pessoas do mundo inteiro está apenas começando. “Hão de se lembrar do Senhor e a ele se converter todos os povos da terra; e diante dele se prostrarão todas as famílias das nações” (Sl 21,28). O trabalho evangelizador dos primeiros cristãos foi muito profundo, eles espalharam a fé pelo mundo conhecido, semearam generosamente e os frutos não demoraram a chegar. Desde então, novos povos se aproximaram – e continuam a se aproximar – de Jesus e Maria. Da mesma forma, também nós chegamos, de todas as latitudes, de todas as raças e língua. “Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti; teus filhos vêm chegando de longe” (Is 60,4).

“É necessário repetir muitas e muitas vezes – com palavras de São Josemaria – que Jesus não se dirigiu a um grupo de privilegiados, mas veio revelar-nos o amor universal de Deus. Todos os homens são amados por Deus, de todos espera amor. De todos. Sejam quais forem as suas condições pessoais, sua posição social, sua profissão ou ofício. A vida comum e vulgar não é coisa de pouco valor; todos os caminhos da terra podem ser ocasião de um encontro com Cristo, que nos chama à identificação com Ele para realizarmos – no lugar onde estivermos – a sua missão divina. Deus chama-nos através das vicissitudes da vida diária, no sofrimento e na alegria das pessoas com quem convivemos, nas aspirações humanas dos nossos companheiros, nos pequenos acontecimentos da vida familiar. Chama-nos também através dos grandes problemas, conflitos e tarefas que definem cada época histórica e que atraem o esforço e os ideais de grande parte da humanidade”[5].

A nossa missão é a mesma daqueles primeiros cristãos: “Nós somos para a massa, meus filhos, para a multidão. Não há uma alma que não queiramos amar e ajudar, fazendo-nos tudo para todos: ‘omnibus omnia factus sum’ (1 Cor 9,22). Não podemos viver de costas a nenhuma preocupação, a nenhuma necessidade dos homens”[6]. Nós também vimos a estrela, e nosso Senhor quer alcançar todas as almas, através de cada um de nós, para oferecer o seu conforto e a sua salvação.


NA PREFÁCIO da Missa de hoje, rezaremos: “Revelastes, hoje, o mistério de vosso Filho como luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação”. Desejamos colaborar na tarefa da Redenção; São João Paulo II observou que “uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo”[7]. Vivemos seguros na esperança de que este Menino é a verdadeira luz do mundo, uma luz que brilha na humildade. E, de certa forma, queremos nos parecer com a estrela dos Reis Magos para mostrar o caminho que leva a Deus.

“Onde está o Rei? Não será que Jesus deseja reinar antes de tudo no coração, no teu coração? Por isso se fez Menino, porque quem há que não ame uma criança? Onde está o Rei? Onde está o Cristo que o Espírito Santo procura formar em nossa alma? Não pode estar na soberba, que nos separa de Deus; não pode estar na falta de caridade, que nos isola. Aí não pode estar Cristo; aí o homem fica só. No dia da Epifania, situados aos pés de Jesus Menino, de um Rei sem sinais externos de realeza, podemos dizer-lhe: Senhor, tira a soberba de minha vida; destrói o meu amor próprio, este desejo de me afirmar e me impor aos outros; faz com que o fundamento da minha personalidade seja a identificação contigo”[8].

Neste grande dia, olhamos com carinho para Belém, para aprender com aqueles homens do Oriente que se curvaram diante do menino. Tomando os Magos como nosso modelo, dizemos a Jesus que, com a sua ajuda, não colocaremos obstáculos no caminho da sua vontade redentora. Pedimos a Maria que nos ensine a ser luz para nossas famílias e amigos. Também pedimos humildade para que Cristo viva em nossos corações e, identificados com Ele, atrair muitos para o Seu amor redentor.


[1] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 31.

[2] Epifania de Nosso Senhor, Missa do Dia, Oração Coleta.

[3] Francisco, Homilia, 6/01/2019

[4] Bento XVI, Homilia, 6/01/2007

[5] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 110.

[6] São Josemaria, Carta 6 de maio de 1945, nº 42.

[7] São João Paulo II, Enc. Redemptoris missio, no. 1.

[8] São Josemaria, É Cristo que passa, n. 31.