Um sacerdote “anti-crise”

Quando explico às crianças e aos adultos quem são os santos que estão nas paredes da minha igreja paroquial, vou realçando o que é mais chamativo na vida de cada um deles...

A 26 de junho celebra-se o dia de São Josemaria Escrivá, um sacerdote anti-crise. Quando explico às crianças e aos adultos quem são os santos que estão nas paredes da minha igreja paroquial, vou realçando o que é mais chamativo na vida de cada um deles: do Beato Diogo Ventaja (mártir) digo que morreu perdoando a quem o fuzilava, de Teresa de Calcutá falo do seu serviço cheio de carinho aos leprosos e doentes de sida, do Papa João Paulo II, que amou tanto todas as pessoas que até foi visitar à prisão para lhe dar um abraço aquele que lhe dera três tiros. E, quando chego ao quadro de São Josemaria Escrivá, penso em algo espetacular, e o que me vem à ideia sempre é que viveu todos os momentos da sua vida de padre com a novidade de alguém que está apaixonado por Deus e por toda a gente, e que queria converter em algo de santo, para Deus, tudo o que fazia por pequeno que fosse.

É o santo perito na santidade das coisas pequenas de cada dia. A sua santidade consistiu em: pedir perdão á pessoa com quem tinha falado bruscamente, dizer piropos a uma imagem de Nossa Senhora andando pela rua, não se queixar de dor de cabeça quando estava a atender uma pessoa, sorrir e ser carinhoso mesmo estando muito cansado, limpar bem os sapatos velhos todos os dias para continuarem a parecer novos, deixar as coisas nos seus sítios depois de um trabalho para não dar mais trabalho e para que todos encontrassem um local agradável, oferecer a Deus todos os sofrimentos, contratempos, doenças, sem se queixar e sem aborrecer os outros, deixar que o corrijam os que vêem os seus defeitos e agradecer, cuidar muito bem os tempos de oração, e a preparação e a celebração da Santa Missa, sempre positivo e alegre, não falar mal de ninguém e compreender as faltas dos outros… tentar ver em cada pessoa o próprio Cristo, tratar com carinho os que o tinham caluniado, terminar as tarefas com esmero e até ao último pormenor, atender como uma mãe os doentes, ser amigo de todo o mundo…

A novidade da sua mensagem está em que “o que sempre se faz” se pode fazer de modo novo e apaixonante, se se faz, se diz, se sofre, com a novidade do amor de Deus. A sua receita anti-crise era “estas crises mundiais são crises de santos”. E a sua receita para a nova evangelização era que a nossa missão de cristãos consiste em “fazer felizes os outros” com a Verdade do Evangelho e com a Vida nova e divina dos sacramentos. Repetia sempre que o que nos é próprio é “semear paz e alegria”. É este o grande segredo do Opus Dei e o que é verdadeiramente novo da sua mensagem: viver a vida diária apaixonadamente e santificar-se nas pequenas coisas de cada dia, como fez Santa Maria, como fez São José, como fez Jesus. Que simples! Não é?

Antonio Cobo, sacerdote diocesano de Almeria.