Tínhamos a mesma ideia na cabeça

​Neste Verão passei uns dias na serra com a minha família.

Um dia fomos almoçar num lugar da montanha que nos pareceu espetacular, a grandiosidade da paisagem fazia com que se dilatasse o coração a cada um de nós. Enquanto almoçávamos pensava que recordação poderia guardar daquele passeio, e foi então que reparei, nesse lugar, numa coisa que me chamou a atenção: a imagem de um sacerdote com um texto ilegível. Parece que aquele lugar não era assim tão desconhecido como eu pensava. O fato impressionou-me bastante: essa imagem irradiava uma paz que só podia comparar com a da maravilhosa paisagem desse dia.

Movido pela curiosidade, no dia seguinte, fui à igreja da aldeia em que estávamos alojados, dirigi-me a um frade e mostrei-lhe o que tinha encontrado. Ele olhou para ela e sorriu, começou a procurar nas suas vestes e tirou outra em que se lia “São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei”. Então, no pórtico dessa igreja, falou comigo um bom bocado, falou-me desse santo, do bem que tinha visto fazer através da sua doutrina e intercessão. O que tinha encontrado era uma estampa de São Josemaria em japonês. Nesse dia assisti à Missa, depois de muitos anos sem o ter feito. Depois fiquei pensativo, olhando a imagem de São Josemaria.

Ao voltar para casa fui à barbearia e falando com o barbeiro veio à baila o que encontrara na montanha, e ele disse-me que desde há muitos anos tinha o livro Caminho em casa e que o abria quando se sentia desanimado. Pois bem, nesse mesmo dia, a minha mulher apareceu muito contente com a mesma estampa, mas em castelhano. Também ela tinha se informado por seu lado, e contara a mesma história a um sacerdote com quem se encontrou no ponto de ônibus: ele deu-lhe a estampa.

Uma semana depois fomos, com outros amigos, a Madri em visita turística. Eu não aprecio muito a arte, e ao chegarmos à Catedral da Almudena sentei-me em qualquer lugar e deixei os outros com a sua visita turística. Em frente havia várias pessoas que, de pé, permaneciam em silêncio diante de uma das capelas. Aproximei-me e vi que era dedicada a São Josemaria e o que essas pessoas estavam fazendo era recitar a oração da estampa. Retirei várias e nesse mesmo dia comprei Caminho. Agora tenho todos os livros de São Josemaria em casa e a minha mulher comprou uma medalha de São Josemaria que traz sempre consigo.

O mais interessante é que ambos tínhamos a mesma ideia na cabeça, mas parecia que não éramos capazes de a dizer em voz alta. Tinha chegado o momento de nos casarmos pela Igreja, de batizar os nossos dois filhos e de voltar a praticar a fé.

Raul F. A., Espanha

5 de Setembro de 2004