Tinha algo reservado para mim

Durante uns quinze anos, Deus não representou nada na minha vida, embora saiba que Ele nunca deixou de me amar e proteger.

Apesar de ter sido criada no seio de uma família católica, a rebeldia aliada à imaturidade e à ignorância afastaram-me da Igreja. Durante uns quinze anos, Deus não representou nada na minha vida, embora saiba que Ele nunca deixou de me amar e proteger. Dediquei-me ao meu trabalho como jornalista, a ganhar dinheiro, ir a festas…, e encerrei-me numa vida mundana e frívola.

Um dia, tinha eu já trinta e seis anos, passei por acaso em frente da Nunciatura Apostólica e quis saber o horário das Missas. Não sei por que, mas nesse domingo fui à Missa, e na semana seguinte confessei-me, depois de dezoito anos sem o fazer. O sacerdote escutou a minha história e disse-me: “Deus tem algo reservado para você”. Estou convencida de que as suas palavras se cumpriram.

O SACERDOTE ESCUTOU A MINHA HISTÓRIA E DISSE-ME: “DEUS TEM ALGO RESERVADO PARA você”.

Semanas depois, por motivo do meu trabalho, tive de entrevistar um especialista em ciências de educação e uma mãe de família numerosa. Assim conheci Maria, que me ofereceu um exemplar de Caminho e, através dela, conheci Gabriela, que me deu aulas de doutrina cristã, e me convidou para um recolhimento; passado tempo fiz o meu primeiro retiro.

Mudanças

Pouco a pouco ia me interessando também em conhecer a vida de São Josemaria e o espírito do Opus Dei. E houve mudanças na minha vida! Com o passar do tempo, converti-me numa mulher mais paciente, menos impulsiva, mais consciente das várias facetas da minha vida, do meu caráter, que devo melhorar e procuro trabalhar nisso diariamente. Estou consciente da minha fé e creio firmemente que Deus me guia no dia-a-dia, para o meu trabalho, e eu própria, sermos ferramentas para ajudar o próximo.

A partir do momento em que compreendi que o trabalho, as dificuldades, os trabalhos domésticos, os contratempos de cada dia, as diferenças com as pessoas que me rodeiam…, são instrumentos de santificação, a minha vida teve um sentido renovado. Cada coisa que faço transcende o esforço físico e adquire um sentido sobrenatural. Que satisfação e tranquilidade me tem dado isto!

Depois de quinze anos exercendo a minha profissão como jornalista em grandes meios de comunicação, comecei a trabalhar no Proyecto Educativo Surí. Aqui a minha vida profissional tomou outro rumo e isto me deu grandes satisfações em todos os sentidos.

O melhor companheiro

O meu melhor companheiro de trabalho está no Sacrário, a menos de quinze metros do meu escritório. Quando há problemas, o que faço é ir ao oratório e deixar nas mãos de Jesus Sacramentado o bom e o menos bom, o fácil e o difícil. É maravilhoso dar-me conta como a confiança em Deus permite ter outra perspectiva, e até o impensável tem solução. Cada dia vejo como o meu trabalho influencia positivamente a vida das mulheres que, mesmo não tendo os recursos econômicos básicos, têm grandes desejos de superação e procuram em Surí o que necessitam para ter uma melhor qualidade de vida, para elas e suas famílias.

Caio e levanto-me, procuro melhorar e aplico o que ensinou São Josemaria – a importância da oração, da mortificação e da ação – como fórmula para atuar em cada momento. O Santo da vida corrente é hoje o meu guia nesta nova etapa da vida que estou a desfrutar em plenitude, graças a Deus.

ESTOU CERTA DE QUE A MINHA MÃE, DO CÉU, ESTÁ MUITO CONTENTE PORQUE, DEPOIS DE TANTOS ANOS PERDIDOS, EU REENCONTREI O RUMO

Estou certa de que a minha mãe, do Céu, está muito contente porque, depois de tantos anos perdidos, eu reencontrei o rumo pela mão do santo cuja estampa a acompanhava diariamente nos seus trabalhos domésticos. Uma lembrança que conservo da infância é a estampa de São Josemaria na janela da cozinha da minha mãe. Essa imagem ficou-me gravada e, tempo depois, ajudou-me a retomar o caminho para o reencontro com Deus.

María Jara, Costa Rica