Saxum: a aventura pela busca de Cristo ressuscitado

8 de fevereiro de 2020: dia da chegada ao aeroporto de Tel Aviv. Data que vai ficar gravada para sempre na memória de Hayanne e outras 11 jovens do Brasil e Portugal, que fizeram uma convivência especial na Terra Santa.

Buscar Cristo ressuscitado. Esse era o objetivo implícito no coração de 12 jovens em um convívio especial, direto da Terra Santa. Esse também era o elo de ligação entre essas 12 desconhecidas, de origens distribuídas pelo Brasil e Portugal. A mistura de sotaques e expressões típicas foi um charme a mais nessa convivência intensa de tão curto período de tempo, mas com tanto aprendizado.

Foram dez dias com programação diversificada, englobando a maior parte dos lugares santos. Começamos nossa viagem ao encontro com Jesus pelo inverso: em vez do local do nascimento, fomos para a Ascensão do Senhor. Depois contemplamos o Domingo de Ramos, de frente para a porta dourada. A Missa foi na Dominus Flevit. Relembro as palavras na celebração (já que a liturgia é local e não temporal): “aqui Jesus chorou”. “Aqui”.

O Horto das Oliveiras (com o Gêtsemani e a Igreja das Nações) traz uma melancolia, uma dor, um sofrimento. Impossível não refletir sobre o que Jesus passou sozinho. Abaixo, a gruta onde os apóstolos dormiram, naquela noite marcada pelo sangue do Senhor. Eram nesses detalhes que refletíamos em cada passo que dávamos.

Participantes do convívio em Ain Karin

Tivemos a graça de fazer duas vezes a Via Sacra no verdadeiro local, que fica no meio do mercado. E, como a guia nos falou, era assim antes. Jesus passava com a cruz no meio do mercado, do comércio, da feira. Isso acontecia para todos verem e a humilhação ser maior.

Perdi as contas de quantas vezes fomos na Basílica do Santo Sepulcro, onde estavam o sepulcro (claro) e o calvário. Pegar naquela pedra onde Cristo foi crucificado era uma mistura mística de dor e gratidão. Já visitar o Sepulcro dava um pouquinho mais de trabalho: horas na fila esperando a estadia breve de cinco segundos no local onde confirmávamos a certeza de que tudo vale a pena, a luta está ganha. Cristo ressuscitou. Ainda tivemos missa de Páscoa no local, uma espécie de gruta que já foi utilizada pelos Cruzados.

A todo instante e em todo canto havia uma verdadeira aula sobre história antiga e da Igreja. A construção do templo de Salomão, as invasões dos romanos, dos samaritanos, dos persas e dos mulçumanos. Construção, destruição e reconstrução dos lugares santos. E uma mulher em especial: Santa Helena. Combinamos de fazermos muitas ações de graças pela coragem dela e por ter mapeado todos os lugares santos. Se hoje podemos visitá-los, com a certeza de que tudo aconteceu lá, foi por causa dela. Até o local onde a cruz foi achada está marcado dentro da gruta em homenagem a essa santa.

Nazaré, Belém, Rio Jordão, Monte das Tentações, Monte Tabor, Jericó, Cafarnaum, piscinas de Betesda, Casa de Pedro, Monte das Bem-Aventuranças, Escada Santa, local da prisão de Jesus, a igreja onde Pedro negou Jesus e o galo cantou, o Cenáculo, local onde Nossa Senhora visitou Santa Isabel e onde São João Batista nasceu, Igreja da Dormição, local onde Jesus ensinou o Pai Nosso. Nossa, não dá para elencar um terço do que vivemos e fizemos.

Em cada um desses lugares a certeza de que “aqui” Jesus morreu, ressuscitou. “Aqui”, nessa gruta, Nossa Senhora disse sim. “Aqui”, Jesus cresceu e viveu com a sagrada família. “Aqui”, Jesus olhou para Pedro depois da negação. “Aqui”, Maria Madalena viu Jesus ressuscitado.

Hayane no primeiro plano, com outras jovens do grupo, em Nazaré

Dos dez dias na Terra Santa, cinco foram em Saxum. E que local fantástico! O Visitor Center dá uma aula interativa sobre Jerusalém. A vista é linda, com direito ao pôr do sol diário. Engraçado, que o sol se põe na cor vermelha em Israel. Saxum fica no Caminho de Emaús, outro local visitado por nós. Um dos oratórios imita uma espécie de gruta e, no teto, tem pontos de luz que são como estrelas, imitando o céu de Jerusalém. Mais ações de graças por são Josemaria Escrivá, Dom Álvaro e Dom Javier. Sem eles, não poderíamos contar essa história.

Em cada visita, líamos a passagem condizente ao local. Fazíamos alguma oração correspondente, por exemplo: rezamos o Ângelus de forma especial na gruta onde Maria disse o sim; renovamos as promessas do batismo no Rio Jordão, contemplamos as estações de toda a Via Sacra em oração e presencialmente. Que presente.

Ao fim, alguém apontou que saíamos tendo contemplado quase todos os mistérios do Rosário, com exceção do último, que vai ser só no céu. Acredito que, para todas, a viagem mudou a forma de enxergamos a história de Cristo. Na verdade, tocamos, sentimos e pisamos onde ele viveu, morreu e ressuscitou. Se isso não é entrar literalmente no Evangelho, eu nem sei...

De repente, as 12 (que número emblemático) estavam próximas, íntimas e até nos apelidamos de “Família Dei”, como uma das guias, uma árabe católica, nos chamou. O padre pontuou que era assim com os primeiros cristãos, conviviam em família, buscando juntos a santidade. Outro aprendizado sobre amor.

Além disso, ver o amor de católicos de todo o mundo pela Igreja é de fazer chorar fácil. Em alguns locais, bastava que um grupo entoasse um canto em latim para, de repente, todos os visitantes católicos acompanharem cantando. De arrepiar.

E fica o apelo: conheçam essa terra. Experimentem estar nesse lugar que tem uma força, um chamado. Onde o sangue de muitos cristãos e do próprio Jesus foi derramado. É um ponto de inflexão, um caminho sem volta (graças a Deus). Uma experiência para lembrar (e não se acostumar) para o resto da vida. Até sempre, Jerusalém!

Meditações do convívio em Saxum - Ouvir no Soundcloud