Santificando o meu trabalho: Queijos

Giorgio é um profissional da venda de queijos. É casado e tem cinco filhos. Para ele o queijo é “de certa forma uma prova da existência de Deus”.

Foto de Pixabay

Giorgio trabalha há muitos anos no setor alimentício. Escalando os muros de uma escola feminina conheceu a sua esposa, Montse, com a qual teve cinco filhos (Lucia, Chiara, Giacomo, Maria e Francesco).

"decidi me desvincular do meu tio para não prejudicar as relações familiares"

Assim que obteve o diploma de perito agrário, no fim dos anos 80, começou a trabalhar com um tio que tinha uma empresa de laticínios: “Foi onde comecei a minha experiência no setor comercial. Depois de algum tempo decidi me desvincular do meu tio, porque tivemos alguns atritos profissionais e eu via o risco de isso prejudicar as relações familiares. Tinha recebido diversas ofertas de trabalho no setor de laticínios, mas para não fazer concorrência ao meu tio fui para o setor de embutidos, para voltar ao dos queijos depois de dez anos”.

Um trabalho movimentado

“Uma empresa nascida da fusão de outras menores entrou em contato comigo para propor um trabalho de diretor comercial, e eu aceitei”. O faturamento e a fama da empresa cresceram até que um dos sócios majoritários decidiu que era necessário demitir Giorgio: “Evidentemente tinha as suas razões – lembra Giorgio – mas não perdi o ânimo e me antecipei, pedindo demissão. Naquela época já tinha cinco filhos, mas pensava que o percurso profissional que eu tinha realizado traria um retorno. Confiei aquela decisão ao Senhor”. Alguns meses mais tarde a empresa da qual Giorgio se demitiu se dividiu em duas.

"Trabalhar para uma única firma me permitiu encontrar mais espaço para a família"

Depois da demissão, Giorgio começou a acompanhar as vendas de várias pequenas empresas, até que uma delas lhe propôs trabalhar com exclusividade. Naquele momento, Giorgio decidiu reduzir o quanto ganhava, mas melhorar a qualidade da própria vida: “Trabalhar em uma só firma me permitiu encontrar mais espaço para a família – explica Giorgio – ainda que se tratasse também de um trabalho sem horários e com muitos compromissos em outras cidades”.

Os filhos e a esposa de Giorgio chamam essa foto de: o homem que sussurrava às cabras

Como Giorgio explica a paixão pelos queijos? “Me entusiasmei pelo queijo: para mim é como uma prova da existência de Deus. É uma arte, poesia, música, escrever romances. Para mim é a arte de tirar o supérfluo: se você tira a água do leite esse se torna queijo. E com a mesma matéria prima você pode percorrer centenas de caminhos diferentes”.

fazer queijos “é a arte de tirar o supérfluo"

Hoje tanto o tio de Giorgio quanto as duas empresas que surgiram da cisão são seus clientes: “Aprendi que nesse tipo de trabalho não é necessário ir embora batendo a porta. Seja porque você nunca sabe se tem razão ou está errado, seja para não impedir boas ocasiões de trabalho no futuro”.

Sem amor ao próximo não se vende (nem) um alfinete

A capacidade de vender um produto e a paixão por aquilo que se vende caminham lado a lado: “Parte do meu trabalho consiste em cuidar do marketing, mas não consigo separar isso da paixão – explica Giorgio – seja pelas pessoas a quem quero vender, seja pelo produto que proponho. Recentemente vi um filme com Tom Cruise, Jerry McGuire, no qual o personagem diz: Sem amor ao próximo não se vende (nem) um alfinete. É realmente assim, e é aquilo que procuro transmitir aos representantes comerciais que devo formar”.

Parte do trabalho de Giorgio consiste na formação dos representantes de vendas, as pessoas que propõem às empresas as linhas de produtos: “Como tenho que passar muitas horas com a mesma pessoa, muitas vezes acabo entrando em confidência de maneira natural, porque procuro transmitir-lhes o que sou. Então pode acontecer de eu falar também do Senhor”.

A família de Giorgio. Da esquerda para a direita: Francesco, Giorgio, Chiara, Lucia, Giacomo, a esposa Montse e Maria.

O trabalho nasce do amor

"o meu chefe estava furioso, mas quando eu lhe disse que tinha estacionado ali para ir à Missa, me perdoou "

“Uma vez – conta Giorgio – deixei o carro da empresa em uma vaga na descida, na frente de uma igreja, esquecendo-me de puxar o freio de mão. O carro deslizou enquanto eu entrava na igreja, e eu não percebi. Mas os policiais que telefonaram para a minha empresa, perceberam, assim como o meu chefe. Claramente estava furioso, mas quando eu disse que tinha estacionado ali para ir à Missa no meio da semana, me perdoou na hora”.

O talento é um dom, mas o sucesso só pode ser alcançado graças ao trabalho cotidiano. Não um trabalho feito pelo desejo de realização. Como dizia São Josemaria: “O trabalho nasce do amor, manifesta o amor, orienta-se para o amor”.

O talento é um dom, mas o sucesso só pode ser alcançado graças ao trabalho cotidiano

Quando, em agosto de 2017, Mons. Fernando Ocáriz fez uma viagem pastoral no norte da Itália, Giorgio e sua família estiveram com ele e Giorgio se apresentou ao Prelado do Opus Dei levando como presente alguns queijos, obviamente: “Antes de dar-lhe os queijos, disse que poderiam ter um cheiro ruim e o Prelado me olhou dizendo: Então significa que são bons!”