O Papa recebe os Bispos na Catedral de São Paulo

Diante de um público formado por 400 bispos, reunidos na Catedral da Sé, no Centro de São Paulo, o Papa Bento XVI pronunciou o seu mais longo discurso, lembrando pontos fundamentais da formação dos fiéis, da Doutrina Católica e da catequese apostólica.

Pela primeira vez desde que chegou ao Brasil, o Papa Bento XVI andou com a janela do papamóvel aberta. Ao sair do Mosteiro de São Bento para dirigir-se à Catedral da Sé, para o Encontro com os Bispos, o Papa demonstrou com esta atitude que se encontra à vontade no país. O Papa chegou por volta das 16h02 e foi recebido por uma multidão na Praça da Sé.

A linha central seguida pelo Papa foi a fidelidade ao Magistério e aos perenes ensinamentos do Evangelho. O Papa destacou, como ponto de partida, o cumprimento da vontade de Deus, colocando como exemplo a obediência de Cristo: “é o próprio Jesus a nos ensinar que a verdadeira via de salvação consiste em conformar a nossa vontade à vontade de Deus”.

Na sequência o Papa salientou a importância da defesa da família como esforço de preservação dos valores morais da sociedade contemporânea e apresentou o quadro da situação atual: “A vida social está atravessando momentos de confusão desnorteadora. Ataca-se impunemente a santidade do matrimônio e da família, iniciando-se por fazer concessões diante de pressões capazes de incidir negativamente sobre os processos legislativos; justificam-se alguns crimes contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual; atenta-se contra a dignidade do ser humano; alastra-se a ferida do divórcio e das uniões livres”. Ao mesmo tempo transmitia palavras de confiança, citando um autor que lhe é particularmente grato: “Vacilará a Igreja se vacila o seu fundamento, mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos” (S. Agostinho, Enarrationes in Psalmos, 103,2,5; PL, 37, 1353.)”.

"Onde Deus e a sua vontade não são conhecidos, onde não existe a fé em Jesus Cristo e nem a sua presença nas celebrações sacramentais, falta o essencial também para a solução dos urgentes problemas sociais e políticos".

O Papa aproveitou a ocasião e sugeriu um esforço positivo na tarefa de evangelização colocando Cristo e a sua Igreja no centro de toda a explanação, apoiando-se na prática frequente dos Sacramentos, especialmente através da Confissão e da Eucaristia, e cuidando com especial esmero a aplicação dos princípios litúrgicos indicados pelo Concílio Vaticano II, devolvendo à Liturgia o seu verdadeiro caráter sagrado.

Ao mesmo tempo o Santo Padre falou sobre um dos pilares do Cristianismo: a unidade da Igreja. “O dever de conservar o depósito da fé e de manter a sua unidade exige estreita vigilância, de modo que este seja conservado e transmitido fielmente e que as posições particulares sejam unificadas na integridade do Evangelho de Cristo”. Como elemento essencial nessa direção destacou o discernimento das vocações e o celibato sacerdotal.

Recordou ainda a Doutrina Social da Igreja como caminho para que o Brasil consiga resolver os problemas sociais que o aflige: “Uma visão da economia e dos problemas sociais, a partir da perspectiva da doutrina social da Igreja, leva a considerar as coisas sempre do ponto de vista da dignidade do homem, que transcende o simples jogo dos fatores econômicos”.

Ao terminar o evento, bastante sorridente, o Papa despediu-se dos Bispos e dos fiéis presentes, e viajou para Aparecida do Norte.