O “meu” Caminho

Chezhiyan, gerente de desenvolvimento de software, de Bengaluru, Índia, teve que passar por um transplante de rim. Ele conta como recebeu apoio da sua esposa e de um livro de São Josemaria Escrivá.

A família de Chez

Antes de contar minha história, eu gostaria de me apresentar ao leitor. Meu nome é Chezhiyan, (meus amigos me chamam de Chez), sou gerente de desenvolvimento de software. Moro e trabalho em Bengaluru, onde nasci há quarenta e cinco anos. Esta cidade no sul da Índia, é o centro de mais rápido crescimento da indústria de tecnologia de ponta do país. Tenho um casamento feliz, com três filhos maravilhosos e uma esposa amorosa que salvou a minha vida. Mas esta é apenas parte da história que quero contar.

Em 2006, folheando livros em uma grande livraria, encontrei um exemplar deCaminho, de São Josemaria Escrivá. Apesar de que já tinha ouvido falar vagamente sobre o Opus Dei, considero este livro meu primeiro contato com a sua mensagem. Comecei a lê-lo em casa e tenho que confessar que não entendi muito. Senti que eu não era capaz de compreender o livro, que logo se tornou apenas mais um de muitos livros não terminados no meu quarto.

Comecei a "Caminho" em casa e tenho que confessar que não entendi muito

Seis anos depois, no entanto, quando eu tinha 37 anos, fui diagnosticado com insuficiência renal. Seguindo as recomendações dos médicos, fui imediatamente encaminhado para diálise. Eu tinha que ir três vezes por semana ao hospital, para uma sessão de três horas cada vez. Aquela situação me forçou a mudar a minha rotina e dar uma pausa em meu trabalho.

Os médicos me aconselharam fazer um transplante de rim, assim que encontrasse um doador compatível. Ao ouvir isso, minha esposa imediatamente se prontificou a ser a doadora. Serei sempre extremamente grato a ela por sua coragem e amor generoso.

Naquela época já tínhamos dois filhos pequenos, e algumas pessoas próximas até desaconselharam que fosse minha doadora, mas ela permaneceu firme em sua decisão, para salvar minha vida. Após alguns ajustes médicos e preparações, os médicos nos disseram que a cirurgia poderia acontecer, mas que eles não poderiam garantir que seria bem-sucedida. Eu via alguns fracassos em minhas idas ao hospital. Mas decidimos ir adiante, colocando nossa confiança em Deus, e finalmente o transplante foi bem-sucedido.

Durante a minha recuperação de três longos meses em casa, tive muito tempo para ler. Encarei isso como uma boa oportunidade para me aprofundar em minha fé e vida de oração, algo que eu queria fazer, mas não tinha nunca levado a sério o suficiente. Pensei como começar. Primeiro peguei um livro de Santa Teresa d’Ávila, mas a leitura durou muito pouco, pelo motivo de sempre: achei muito difícil para mim, me senti desanimado e desisti dele. Mas desta vez uma coisa me tocou e permaneceu em minha mente: a importância que Santa Teresa dava à direção espiritual, ser ajudado por alguém para crescer em questões espirituais.

Lê devagar estes conselhos. Medita pausadamente estas considerações

Foi quando encontrei por acaso o meu velho exemplar de Caminho, que estava esquecido nas prateleiras por muitos anos, e comecei a lê-lo novamente. Já na primeira página do livro ele escreve: “Lê devagar estes conselhos. Medita pausadamente estas considerações. São coisas que te digo ao ouvido, em confidência de amigo, de irmão, de pai. E estas confidências as escuta Deus. Não te contarei nada de novo. Vou revolver as tuas recordações, para que aflore algum pensamento que te fira. E assim melhores a tua vida, e entres por caminhos de oração e de amor. E acabes por ser alma de critério”.

Ao começar a ler essas breves considerações espirituais, muitas coisas começaram a fazer sentido para mim, algo que não tinha acontecido anos atrás quando abri o mesmo livro pela primeira vez. O que havia mudado? Os problemas de saúde pelos quais tinha passado, nesse meio tempo, juntamente com a experiência pessoal do imenso apoio e amor que recebi de minha esposa, me fizeram ver minha vida com uma perspectiva diferente.

Além disso, ser orientado pelos médicos deve ter me ajudado a valorizar a importância de ser ajudado e orientado por alguém em questões espirituais também.

ao ler as palavras de São Josemaria, eu me sentia como um filho sendo orientado pelo seu pai

É por isso que ao ler as palavras de São Josemaria, eu me sentia como um filho sendo orientado pelo seu pai, com indicações claras a respeito de situações reais, desafios e questões que eram também minhas: caridade, perdão, alegria, família, amizade, otimismo, confiança em Deus, dificuldades etc. Aqueles minutos diários de leitura se tornaram praticamente “momentos de direção espiritual”, algo que eu estava procurando. O seu modo paternal de ensinar, me deu muito da força e confiança que precisava tanto para recomeçar minha vida. E foi isso o que fiz!

Alguns meses depois da minha recuperação, retornei ao trabalho na mesma empresa, mas com um novo emprego. E dois anos depois nosso terceiro filho nasceu muito saudável, trazendo mais alegria a nossas vidas!