Mulheres na Ciência: Simpósio Guadalupe Ortiz de Landázuri

No dia 27 de setembro, 75 pessoas se reuniram no Instituto Federal de Brasília - IFB para o 1º Simpósio Guadalupe Ortiz de Landázuri - Mulheres na Ciência.

O simpósio foi organizado com vários objetivos: despertar o interesse de jovens mulheres nas ciências, ressaltar o papel da mulher na ciência por meio de palestras sobre trabalhos desenvolvidos por mulheres e homenagear a professora Doutora Guadalupe Ortiz de Landáruzi.

Despertar o interesse de jovens mulheres nas ciências, ressaltar o papel da mulher na ciência e homenagear a Guadalupe Ortiz de Landáruzi

O evento foi promovido pela ENLACE, associação cultural e de educação humana de caráter beneficente, e contou com palestras, exposições e mesa redonda, conduzidas por destacadas cientistas locais. Na palestra de abertura, Dra. Lenise Garcia traçou uma panorâmica da vida e obra de Guadalupe Ortiz, apresentando sua família, seu trabalho profissional e apostólico de grande importância no início do Opus Dei. Além disso, explicou aos participantes sobre o processo de canonização de uma pessoa, considerando que Guadalupe Ortiz é, desde o dia 18 de maio deste ano, bem-aventurada, e pode ser canonizada se for comprovado um novo milagre alcançado por sua intercessão.

Em seguida, a Profa. Dra. Aline Paterno apresentou sua atuação como pesquisadora e docente na área de Química Orgânica da Universidade de Brasília, com a palestra “Caracterização e quantificação de drogas de abuso por Ressonância Magnética Nuclear (RMN)”, explicando toda a base conceitual da utilização do espectrômetro de RMN pela Polícia Federal para caracterizar e atualizar sua base de dados acerca das drogas de abuso comercializadas ilegalmente, o que permite sua ação diante da constante mudança na formulação dessas substâncias.

A terceira palestra foi da Msc. Júnia Chaves, especialista em papiloscopia e atual analista legislativa na Câmara dos Deputados, cujo tema foi “Produtos químicos utilizados na revelação de impressões papiloscópicas”. A especialista expôs os diversos conhecimentos, técnicas e materiais envolvidos no trabalho do perito papiloscópico, de modo a localizar, revelar e capturar fragmentos de impressões digitais no local ou objetos relacionados a crimes. Explicou alguns conceitos de Química Forense e apresentou um trabalho de papiloscopistas brasileiros publicado recentemente na revista Forensic Science International: “Comparison of practical techniques to develop latent fingermarks on fires and unfires cartridge cases” (Comparação de técnicas práticas para o desenvolvimento de impressões papiloscópicas latentes em casos de cartuchos queimados e não queimados).

A quarta palestra foi da Dra. Daniela Bazuchi sobre atualidades em química e documentoscopia, sua área de atuação. Além de abordar os conceitos relacionados à documentoscopia e química forense, a pesquisadora falou da sua trajetória como pesquisadora, mulher e mãe de 4 filhos, e da importância de superar os desafios com resiliência e criatividade. No intervalo do evento, houve a exposição de painéis sobre a Dra. Guadalupe, com a cronologia de sua vida e curiosidades, sendo também um momento de rodas de conversas entre os participantes e as palestrantes.

Por fim, a cientista política Lígia Badauy falou sobre “Trabalho, pesquisa e lar, a contribuição da mulher na família e sociedade”. Lígia é especialista em Matrimônio e Educação Familiar e em Políticas Familiares pela Universidade Internacional da Catalunha, esposa e mãe de cinco filhos, e atualmente trabalha com relações governamentais e consultoria para organizações e empresas nas áreas de família, infância e educação. Abordou as contribuições de Guadalupe, como “pioneira, alegre e audaz, contribuindo com a realização de grandes mudanças sociais no contexto em que viveu”.

“Existem habilidades que a mulher adquire por ser mãe, e é importante que as empresas vejam que há um ganho empresarial, essas mulheres não são um gasto, mas um investimento”

A especialista falou também sobre o contexto da mulher na sociedade atual, pois como as mulheres são diferentes e complementares aos homens, podem fazer tudo, mas de modo diferente, tendo portanto uma contribuição específica para dar em cada ambiente. “Em um mercado de trabalho ainda tão masculino, é importante a consciência da mulher sobre seu valor e suas potencialidades, e da grande contribuição que dá à sociedade. Existem habilidades que a mulher adquire justamente por ser mãe, e é importante que as empresas vejam que há também um ganho empresarial, que essas mulheres não são um gasto, mas sim um investimento” afirma.

A professora e geógrafa Alice Vogado participou do evento como ouvinte, juntamente com 25 dos seus alunos, estudantes desde o 9º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio. “O Simpósio foi uma experiência fantástica para meus alunos de ensino médio, ficaram encantados com as possibilidades de aplicação da química e sobre as possibilidades da mulher no mercado de trabalho. Refletir sobre esse papel insubstituível da mulher no lar e no ambiente profissional sob a luz da vida de Guadalupe vai ficar na memória deles”, contou ao final do evento.

Mulher, pesquisadora, pioneira, audaz, alegre, bem-aventurada. Guadalupe era, entre muitos adjetivos, incrível. O fato de ter nascido e vivido em outra época e lugar não a impediu de, ainda nos dias de hoje, causar grande impacto e servir de inspiração para pessoas de diversas idades e profissões. O grande sucesso do evento deixa perspectivas e expectativas para o 2º Simpósio Guadalupe Ortiz de Landázuri, a ser realizado no próximo ano, e alcançar cada vez mais mulheres, jovens e pesquisadoras.