Não precisei operar

Tropecei em uma estação de trem e caí: tinha quebrado o braço… Uma amiga me deu uma estampa de Montse Grases e comecei a pedir sua ajuda.

Uma amiga de Entre Ríos me convidou para comer em sua casa um delicioso prato de cordeiro criado em sua província. Felicíssima, e já na volta para casa, fui pegar o trem na estação Santo Isidro. Como estava tarde e ainda não estavam acesas as luzes da estação, tropecei em um desnível e caí em cima do meu braço direito, com todo o peso do meu corpo. O braço amorteceu a queda; se não fosse assim, eu teria batido a cabeça e hoje não estaria contando o que aconteceu. Foi uma queda violenta.

Quis levantar e não consegui. Funcionários da empresa de trem vieram e me colocaram em pé. Eles quiseram chamar a ambulância local, mas me neguei imediatamente porque queria ser atendida em minha zona. Os próprios funcionários me acompanharam até que sentei no primeiro trem que passou. Entretanto, o braço direito pendia flácido, como se estivesse sem vida, ao meu tronco: não o sentia. Cheguei à estação Belgrano, desci ali e segui o fluxo humano com passo lento - era “horário de pico - até chegar à parada do ônibus que me deixa perto de casa. As próprias pessoas da fila de espera me ajudaram a subir, me empurrando pelas costas. Logo dentro do transporte contei a minha companheira de assento o que tinha acontecido e ela, generosamente, se ofereceu para ligar a um dos meus filhos no seu celular.

Agora percebo que eu estava em choque, porque o golpe foi muito forte. Mesmo assim me sentia comovida pela solidariedade que encontrava no caminho. Desci como pude no ponto, e tinha que caminhar três quadras para chegar em casa. Em um determinado momento, tive a sensação de que não podia mais fazer esforços. Nesse instante uma viatura da Polícia Federal estacionou ao meu lado, e desceu um oficial. Vi a cara de bom dele, por isso me animei a pedir-lhe: Por favor, me acompanhe até minha casa, pois não vou sequer conseguir abrir a porta”. O agente se portou como um anjo da guarda.

Depois chegou meu filho e me acompanhou ao hospital, onde fui atendida no pronto socorro. Tiraram as primeiras radiografias. Os médicos, com o cenho franzido, disseram ao vê-las: “Não podemos fazer nada. Um especialista tem que ver isso. Seu ombro está todo estilhaçado”. No dia seguinte um especialista me viu: “Isto tem que ser operado. Coloque uma tipoia”. E sem acrescentar nada, se despediu de nós. Eu pensei: “Tenho que consultar um médico de confiança”.

Enquanto isso, uma amiga me deu uma estampa de Montserrat Grases e disse: “Vamos rezar e pedir para a graça de que tudo saia bem, e não seja preciso operar”. Pus a estampa de Montse na minha tipoia e me esqueci dela. No entanto, parece que Montse não queria que esquecesse a sua presença. Um dia entrei na Basílica das Mercês e me dirigi ao altar de São Judas Tadeu, “padroeiro das causas impossíveis. Ao lado do altar encontrei uma estampa com a imagem de Montse e uma oração impressa em francês. Vi isso como um sinal, porque na minha família há uma forte influência francesa. A partir desse momento, tudo começou a se resolver.

Consultei e um conhecido ortopedista: “O úmero quebrou”, disse-me, e pediu uma tomografia computadorizada e mais radiografias. Como tenho claustrofobia pensei que não ia conseguir. Peguei a estampa de Montse e me deitei na maca, olhando-a fixamente. Tudo durou meia hora. Eu só olhava Montse e sentia uma grande paz, conseguia rezar com serenidade, sem me distrair. Em nenhum momento tive sensação de pânico pelo confinamento; pelo contrário, me sentia muito bem. Quando o bom ortopedista viu os laudos disse: “Não vamos operar, vamos esperar”.

Ao fim do mês, o desastre estava corrigido. Meu braço pôde se livrar da imobilidade da tipoia. Só o cotovelo havia ficado torto, mas dias depois voltou à posição correta. A cura do meu braço tardou mais de dois meses. Eu moro sozinha, meus filhos não podiam me ajudar porque todos têm diversas ocupações. Durante toda a minha convalescência contei com a ajuda abnegada de duas amigas da Obra, que me ajudaram no espiritual e no material. Nelas vi o espírito de família que São Josemaria imprimiu no Opus Dei. Todo este simples relato ocorreu como eu conto. A partir do que me aconteceu, sinto que Montse me acompanha sempre, que ficou comigo no dia a dia. Peço-lhe, de todo coração, que imprima em mim o seu sorriso e a sua serenidade.

C.D., Buenos Aires, 8-VIII-2016

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