Meditações: Nossa Senhora Aparecida

Reflexão para meditar na festa de Nossa Senhora Aparecida. Os temas propostos são: Aparecida restaura a nossa vida; Cristo quis ter uma Mãe; Maria intercede por nós.

- Aparecida restaura a nossa vida

- Cristo quis ter uma Mãe.

- Maria intercede por nós.


“DAI ao vosso povo, sob o olhar de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada dia para a construção do vosso reino” (Oração depois da comunhão)

No ano de 1717, três pescadores trabalhavam com as suas redes no rio, sem obter nenhum resultado. O governador ia passar por aquelas terras e os pescadores haviam recebido ordem de levar tudo o que lhes caísse nas redes para o banquete que se ia oferecer. As horas passavam e a rede ia e vinha nas águas do rio Paraíba sem apanhar um só peixe. Ao chegarem ao porto de Itaguaçu, cansados e derrotados, João lançou novamente as redes e, para sua surpresa, recolheu o corpo sem cabeça de uma pequena imagem de Nossa Senhora. Tornou a lançá-la e dessa vez surgiu a cabeça, que se ajustava perfeitamente ao corpo. Guardaram piedosamente a imagem recém-aparecida entre os seus pertences e, confiando em Nossa Senhora, lançaram outra vez as redes à água. Conta o cronista que, a partir desse momento, a pesca foi tão abundante que tiveram receio de naufragar pelo muito peixe que havia nas canoas.

A devoção foi crescendo no meio do povo e muitas graças foram alcançadas por aqueles que rezavam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil.

Em 1834 foi iniciada a construção da chamada Basílica Velha. Em 1955 começou-se a construção da Basílica Nova. Em 1888 a Princesa Isabel ofereceu o manto e a coroa. São Paulo VI lhe deu a rosa de ouro que só é dada em algumas ocasiões especiais.

A imagem é de terracota e talvez estivesse no rio porque, quando uma imagem quebrava, as pessoas a jogavam no rio. E pensa-se que foi feita pelo frei Agostinho de Jesus, que era um monge beneditino de São Paulo, hábil na confecção de imagens sagradas.

Ela tem um leve sorriso, aparece com flores no cabelo, e um broche de três pérolas na testa. É uma Imaculada Conceição, com a lua aos pés. Representa a mulher de que fala o Apocalipse e compara Maria com a lua, reflexo do sol, que é Cristo. Tem as mãos em posição de oração sobre o coração, pedindo por nós. Foi visitada por Santo Antônio Galvão, São Josemaria e São João Paulo II.

Em 1974 sofreu um atentado. Uma pessoa com distúrbios mentais jogou-a ao chão e desfez-se em duzentos pedaços. Depois foi restaurada por uma especialista.

A artista que realizou a dificílima restauração conta que, na realidade, ela própria é que foi restaurada, pois, depois de trinta dias de trabalho febril, passou de uma postura distante da fé, a ser uma devota de Nossa Senhora.

Isso pode ser uma certa imagem da nossa própria vida. Quantas vezes não sentimos a necessidade de ser “restaurados”? Que seja Maria a recolher os nossos cacos e dar-lhes forma novamente.


LÊ-SE no Livro do Gênesis, nesta Solenidade, que a mulher “deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações” (Apoc 12,5). Sempre se viu aí uma clara referência a Maria, Mãe de Jesus.

Isso nos faz pensar que Cristo quis ter e teve uma mãe. Sendo quem era – o Messias, o Deus feito homem – poderia ter escolhido outros modos de vir à terra. Poderia ter vindo já grande, descendo do céu de forma chamativa e começando imediatamente a sua pregação e os seus milagres.

Mas Cristo quis ter mãe. E mãe mesmo: que o gerou, o deu à luz, o amamentou, o cuidou, o educou... Bastasse isso, teríamos um certo respeito pela mãe de Jesus Cristo, tal como às mães dos grandes homens da história. Mas Cristo foi além, pois quis que Ela interviesse no cuidado espiritual dos homens. Quis que Ela participasse da missão que Ele estava realizando de resgatar a humanidade do pecado.

Jesus deu-nos Maria como Mãe nossa quando, pregado na Cruz, dirigiu a sua Mãe estas palavras: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe. (Jo 19, 26-27) "Assim, de um modo novo, legou a sua própria Mãe ao homem [...]. Legou-a a todos os homens [...]. Desde aquele dia, toda a Igreja a tem por Mãe; e todos os homens a têm por Mãe. Todos entendemos como dirigidas a cada um de nós as palavras pronunciadas na Cruz" [1].

Saber que temos Maria por mãe no céu, dá-nos uma enorme segurança, porque uma mãe é capaz de fazer de tudo pelos seus filhos.


PODE ajudar-nos o relato de um favor alcançado pela intercessão de São Josemaria. O pai de família conta como o rio encachoeirado em que estava com sua família, subiu repentinamente de volume. Com esforço seus filhos foram sendo resgatados. Restava sua esposa que já estava muito cansada pelo esforço de horas. Praticamente sem forças, largava da corda que a podia salvar. Foi então que o marido lhe gritou: - Lembre-se dos seus filhos! Isso fez que ela tirasse forças de onde já não havia, e fosse salva.

Pelos seus filhos uma mãe faz o que é possível e o que é impossível. Assim Maria faz conosco

Maria pode fazer de tudo por nós. Mesmo que estejamos na situação mais desesperadora, ela não nos larga. Mesmo que estejamos nos afogando no meio da confusão desse nosso mundo, ela não nos abandona.

Que segurança supõe para nós saber-nos cuidados por Maria!

Sendo Ela tão próxima de Deus, é uma intercessora muito poderosa a nosso favor. Tal como a Rainha Ester diz “concede-me a vida – eis o meu pedido! – e a vida do meu povo – eis o meu desejo!” (Est 7,3)

Ela muitas vezes é chamada de “onipotência suplicante”. Onipotência significa um poder infinito, o que – propriamente – só cabe a Deus. Mas como tudo o que Ela pede a Deus é concedido, então – na prática – Ela tem um enorme poder em sua mão.

O Documento de Aparecida onde intervieram o Cardeal Bergoglio – futuro Papa Francisco – e Bento XVI, concretiza esse recurso a Maria:

“Esta familiaridade com o mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de seu amor. Mediante o Rosário, o cristão obtém abundantes graças, como recebendo-as das próprias mãos da mãe do Redentor”) [2].


[1] São João Paulo II, Audiência geral, 10-1-1979.

[2] Documento de Aparecida, 271