Já não tinha mais desculpas

Sempre vivi afastada de toda religião.

Sempre levei uma vida bastante afastada de tudo o que cheirasse a sacristia, mas este santo desarmou-me completamente ao dizer – e não só dizer, mas também ao pôr em prática - que ser católico não implica afastar-se da sociedade. Assim já não tinha mais desculpas. Desde a minha infância comecei a implicar com tudo o que tivesse a ver com batinas.

Agora isto já não é desculpa. Mas não pensem que mudei de opinião só porque me agradou uma pessoa ou uma doutrina. Há pouco tempo um amigo de toda a vida morreu no hospital. Tínhamos partilhado tudo e fiquei sem ele. Nunca tivera nada a ver com a religião, mas pediu para se confessar e assim o fez. Uma hora mais tarde morria. Tudo porque uns vizinhos seus eram do Opus Dei e no último momento se lembrou que existiam os sacramentos. Eu fui agradecer a essas pessoas o que – sem saber – tinham feito por essa pessoa, porque depois de se confessar ficou tranquila como se estivesse à espera de fazer isso para morrer com paz. Disseram-me que tinham pedido para que, se a morte fosse inevitável, o fizesse de bem com Deus e, graças a eles, agora conheço Josemaria Escrivá.

A. F., Bolívia

7 de Novembro de 2004