Homens e mulheres

Extrato do capítulo "A vocação ao Opus Dei como vocação na Igreja", escrito por Fernando Ocáriz e presente no livro "O Opus Dei na Igreja", editado pela editora Rei dos Livros (Lisboa).

Foto: Emma Bauso

Que a vocação ao Opus Dei seja a mesma para as mulheres e para os homens é evidente, à luz das já consideradas caracte­rísticas peculiares desta vocação. Também são idênticas as três modalidades gerais em que a vocação peculiar é personali­zada: com efeito, tudo o assinalado antes sobre a diversificação entre numerários, adscritos e supernumerários se refere igual­mente às numerárias, adscritas e supernumerárias. É por isso igualmente idêntica a amplitude de ação apostólica; ao Opus Dei podem pertencer, com efeito, e pertencem de fato, mulheres, solteiras ou casadas, das mais variadas condições sociais e das mais variadas profissões: professoras de universi­dade, camponesas, operárias, farmacêuticas, médicas, engenhei­ras, etc., chamadas cada uma delas a santificar o seu próprio estado e profissão.

Dito isto, o presente parágrafo sobre a distinção entre mulheres e homens no contexto da unidade de vocação e diver­sidade de membros no Opus Dei poderia terminar aqui. Todavia, "é interessante acrescentar algumas reflexões mais, que prolon­guem em algum aspecto o já dito no capítulo I ao falar do Opus Dei como família. Porque a presença da mulher no Opus Dei não só comporta o fato óbvio de que a espiritualidade e a mis­são da Prelazia alcança não só homens, mas, com idênticas intensidade e extensão, também mulheres; mas constitui, além disso, um pressuposto necessário para que no Opus Dei exista de fato um espírito de família — de família de vínculos sobre­naturais —, que, como já se disse, não é outra coisa senão um modo peculiar de realizar-se uma dimensão da eclesialidade, isto é, do ser a Igreja uma verdadeira familia Dei.

É este o contexto eclesiológico preciso em que se enquadra o trabalho de administração doméstica dos apostolados do Opus Dei (tanto de homens como de mulheres), que corre a cargo das mulheres da Prelazia, especialmente algumas numerárias, que têm nesta tarefa um dos seus encargos próprios, ainda que não exclusivo, pois — como já se disse — exercem tal como os numerários, qualquer tipo de trabalho profissional. Algumas das numerárias — denominadas numerárias auxiliares — dedicam­-se profissionalmente a esse trabalho doméstico; os traços que definem a sua figura são os mesmos que nas outras nume­rárias e numerários (celibato com a correspondente especial dis­ponibilidade para os trabalhos apostólicos, etc.), com a peculia­ridade da sua dedicação profissional à administração doméstica dos apostolados do Opus Dei, tarefa em que, por outro lado, tra­balham também outras numerárias. As numerárias auxiliares colaboram em todas as atividades da Prelazia, mas a sua dedicação aos trabalhos domésticos é a expressão da conjunção da disponibilidade própria de todas as numerárias com uma efetiva dedicação principal (não exclusiva) e ordinária (não necessariamente sempre) às tarefas domésticas, necessária para que todo o trabalho apostólico tenha o ambiente de família cristã que lhe corresponde segundo o espírito do Opus Dei.

Não é o caso de nos determos aqui na importância e digni­dade deste trabalho. Baste assinalar que o Fundador expressava a importância objetiva deste trabalho afirmando que é o apostolado dos apostolados, pois «ao trabalhar na Administração — escrevia o Fundador às suas filhas —, participais em todos os apostolados, colaborais em todo o trabalho. O seu bom andamento é uma condição necessária, o maior dos impulsos para toda a Obra, se o fazeis com amor de Deus. Sem esse apostolado vosso, não se poderiam pôr em andamento os outros segundo o nosso espírito».

É oportuno observar que as numerárias auxiliares, tal como as outras numerárias que se ocupam da administração doméstica das sedes dos Centros do Opus Dei, não realizam esse trabalhe como empregadas em casa alheia, mas como mães ou irmãs de família na sua própria casa, ainda que em atenção à profissionalidade com que o desempenham possam designar-se com nomes diversos, segundo os costumes de cada lugar e tempo (empregadas do lar, administradoras, etc.).

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Trecho do capítulo "A vocação ao Opus Dei como vocação na Igreja", do livro "O Opus Dei na Igreja", editado pela editora Rei dos Livros (Lisboa), pg. 185-187.

Fernando Ocáriz