Cem cestas de Natal

Martha e suas amigas decidiram distribuir cestas de Natal para os moradores de rua da Mooca.

Fátima ensinando as moradoras de rua a rezar o terço.

Martha e um grupo de amigas se reúnem todos os meses para aprofundar no conhecimento da doutrina católica e melhorar a sua formação cultural. Ao aproximar-se o Natal, decidiram fazer algo pelos mais necessitados. Montaram cerca de 100 caixas com alimentos saborosos típicos da época, como doces, panetones, biscoitos. Também organizaram kits com produtos de higiene.

Na quinzena próxima do Natal, o grupo se dispersou. Quase todas viajaram para outros países ou cidades do Brasil, inclusive Martha foi para o Equador, sua terra natal. Sendo assim, Patrícia, Fátima e Trini se dispuseram a distribuir os produtos, como ‘embaixadoras’ do grupo. Atravessaram a cidade, do Jardim Guedala na Zona Sul à Mooca na Zona Leste, rumo à Paróquia de São Miguel Arcanjo.

Um grupo de estudantes que frequenta o centro Gaivota ajudou a empacotar os donativos recebidos.

A Prefeitura de São Paulo registra mais de 100 mil moradores pelas ruas da cidade. Por isso, todo esforço em prol desta causa é bem-vindo e de notória receptividade. A paróquia de São Miguel Arcanjo realiza um trabalho intenso e sacrificado para o atendimento aos moradores de rua. Todas as manhãs, eles se reúnem no pequeno pátio da Igreja, rezam, recebem a benção do padre, comem uma refeição e, às vezes, recebem uma ajuda mais específica.

Patrícia e Fátima observaram um movimento de dignidade do público atendido. Enquanto distribuíam as caixas e os kits, ouviam-se muitos agradecimentos e desejos de bençãos divinas. “Foi emocionante ver como uns cuidavam dos outros. Uma senhora chamava um colega que estava com vergonha de pegar os pacotes: -venha cá, não tenha receio”, destacou Patrícia.

Fátima à esquerda e Patrícia à direita, ajudam a distribuir as caixas de mantimentos.

Houve momentos de grande beleza e comoção. Quando Trini chegou com terços para distribuir, o sacerdote puxou várias orações e cantos ao redor de uma imagem do Menino Jesus, e pediu a um paroquiano que ensinasse os outros a rezá-lo. “Gente, este terço é para rezar e não colocar no pescoço como colar. Começamos com Pai-Nosso... Ave-marias”, disse. Enquanto isso, Fátima já estava ensinando algumas mulheres a fazê-lo, mostrando as contas do rosário.

Chegou um momento em que o Pároco relembrou que um dos líderes do grupo explicou o propósito do Natal como “a vontade de Deus de se ‘enturmar’ conosco” e todos riram, assim como em outro responderam em uníssono sobre Nossa Senhora, quando Padre Lancellotti perguntou “quem ficava mais feliz quando nascia um filho”.

Vista parcial do evento

Outra oportunidade de graça em todos os sentidos, deu-se quando o sacerdote pegou um menino nos braços e afirmou que Cristo se ‘identifica’ nos pobres, nos doentes, nas crianças e em seguida indagou: “Mãe, como se chama o seu filho?” Ela respondeu, para assombro e alegria de muitos: “Christopher”. E o padre arrematou: “pois até em seu nome, Cristo está presente!” Por fim, depois de elencar algumas dificuldades que os moradores de rua enfrentam em seu cotidiano, demonstrando compartilhar a realidade deles, ressaltou que nesta vida pode faltar tudo, menos a felicidade de quem se sabe filho e querido por Deus.