A solidariedade também pode transbordar

Uma forte chuva atingiu o estado do Rio Grande do Sul nos últimos dias. A cheia dos rios dessas cidades foi provocando enchentes jamais registradas na história. Em Porto Alegre, para onde correm todos esses rios, o nível do imenso lago Guaíba subiu quase 6m e as comportas da cidade não foram capazes de deter a invasão das águas.

Diante de toda essa calamidade, as jovens que frequentam o Porto Belo, centro do Opus Dei localizado nessa cidade, uniram-se para ajudar no que fosse preciso. Dividiram-se em equipes para oferecer apoio nos abrigos que estavam acolhendo pessoas resgatadas das enchentes. A ideia inicial era ajudar com força de trabalho, mas quando chegavam nos locais, já havia uma quantidade enorme de voluntários! Por um lado, era frustrante ver que não precisavam daquele tipo de ajuda, mas, por outro, abriu-se um horizonte: poderiam ajudar de outra maneira.

As necessidades materiais desses abrigos eram muitas: colchões, travesseiros, lençóis, cobertores, toalhas, roupas, produtos de higiene pessoal etc. Pedir para os conhecidos doarem esses itens demoraria muito, e talvez não chegassem a tempo. Decidiram, então, pedir doações em dinheiro, comprar os produtos e, logo, levar aos abrigos.

A notícia se espalhou rapidamente. Receberam mensagens do país inteiro de gente que estava rezando, organizando romarias e colocando essa intenção na Missa, pedindo pelos desabrigados, para que as chuvas cessassem e também pelos voluntários. Pessoas de todo o Brasil começaram a se mobilizar para fazer doações. Pelas redes sociais, o pedido de ajuda “viralizou” e o país inteiro se movimentou para que elas pudessem levar coisas que eram realmente importantes para cada um dos abrigos. Graças às doações de pessoas de outros centros da Obra, colégios, amigos, parentes e “seguidores” de alguns influencers que divulgaram a causa, foi possível (e continua sendo) ajudar necessidades específicas, que não são tão evidentes quanto alimentos, roupas e produtos de higiene.

Conseguiram itens como lanternas de potência máxima (para ajudar na busca de desaparecidos e para iluminar abrigos que já não tinham luz), cadeiras de rodas, réguas elétricas (para o carregamento dos celulares, onde ainda havia energia), carrinhos de bebês, quilos de gelo, medicamentos de todos os tipos e uma longa lista de coisas que as pessoas não têm para doar de imediato.

Hoje, com toda a ajuda conseguida, o raio de ação se ampliou para famílias de baixa renda que receberam familiares e amigos que perderam suas casas e seus pertences na tragédia.

E, daqui algum tempo, quando as águas baixarem, a ação alcançará outro nível: a reconstrução das casas das famílias atingidas.