Sempre me pareceu lógico — e me cumulou de alegria — que a Santíssima Humanidade de Jesus Cristo subisse à glória do Pai. Mas penso também que esta tristeza, própria do dia da Ascensão, é uma manifestação do amor que sentimos por Jesus, Senhor Nosso. Sendo perfeito Deus, Ele se fez homem, carne da nossa carne e sangue do nosso sangue. E separa-se de nós, indo para o céu. Como não havíamos de notar a sua falta?
É Cristo que passa, 117
A festa da Ascensão do Senhor sugere-nos também outra realidade: esse Cristo que nos anima a empreender esta tarefa no mundo espera-nos no céu. Por outras palavras: a vida na terra, que nós amamos, não é a realidade definitiva; pois não temos aqui cidade permanente, mas andamos em busca da futura (Heb XIII, 14) cidade imutável.
É Cristo que passa, 126
Relembremos agora os dias que se seguiram à Ascensão, na expectativa do Pentecostes. Os discípulos, cheios de fé pelo triunfo de Cristo ressuscitado, e ansiosos ante a promessa do Espírito Santo, querem sentir-se unidos, e vamos encontrá-los cum Maria, Matre Iesu, com Maria, a Mãe de Jesus (Cfr. Act I, 14). A oração dos discípulos acompanha a oração de Maria; era a oração de uma família unida.
É Cristo que passa, 141
Jesus subiu aos céus, dizíamos. Mas pela oração e pela Eucaristia, o cristão pode ter com Ele a mesma intimidade que tinham os primeiros Doze, inflamar-se no seu zelo apostólico, para com ele realizar um serviço de corredenção, que é sempre a paz e a alegria. Servir, portanto, porque o apostolado não é outra coisa. Se contarmos exclusivamente com as nossas próprias forças, nada obteremos no terreno sobrenatural; se formos instrumentos de Deus, conseguiremos tudo: Tudo posso nAquele que me conforta (Phil IV, 13). Por sua infinita bondade, Deus resolveu servir-se destes instrumentos ineptos. Daí que o Apóstolo não tenha outro fim senão deixar agir o Senhor, mostrar-se inteiramente disponível, para que Deus realize — através das suas criaturas, através da alma escolhida — a sua obra salvadora.
É Cristo que passa, 120