Uma pedagogia da fé na família

A propósito de alguns ensinamentos de São Josemaria, Michele Dolz escreveu um artigo que foi publicado em Romana, n. 32 (2001)

Que os pais são os principais educadores dos seus próprios filhos é um princípio recorrente no Magistério da Igreja desde a Divini illius Magistri de Pio XI (1929) até aos documentos de João Paulo II. O Concílio Vaticano II resume assim esta posição doutrinal. “Dado que os pais dão a vida aos filhos estão gravemente obrigados à educação da prole e, portanto, eles são os primeiros e principais educadores. Este dever da educação familiar é de tanta transcendência que, quando falte, dificilmente pode suprir-se. É, pois, obrigação dos pais formar um ambiente familiar animado pelo amor, pela piedade com Deus e os homens, e que favoreça a educação íntegra e social dos filhos” [1].

Veremos nestas páginas como São Josemaria Escrivá aprofundou nesta verdade e a ensinou em relação ao chamamento batismal à santidade e ao apostolado. Limitar-me-ei a citar alguns textos muito sumariamente, mas, espero, de modo suficientemente claro para que possam servir de base a novos estudos [2].

A família nos planos de Deus

No antigo povo de Israel, a família era, de maneira evidentíssima, a pedra angular da sociedade. Nos povos semíticos a família contava mais do que o indivíduo, e as famílias agregavam-se por sua vez em clãs ou tribos, estrutura social que acentua enormemente o papel da tradição e que tende à estabilidade e à continuidade. O modelo patriarcal é ainda mais confirmado no povo escolhido pelo empenho de fidelidade a JHWH: “Assim, temerás o Senhor, teu Deus, observando todos os dias de tua vida, tu, teu filho e o filho de teu filho, todas as leis e os mandamentos que te prescrevo, e teus dias serão prolongados (…). Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares.”[3]

O pai israelita no povo da Antiga Aliança sente, portanto o dever moral de transmitir aos seus o depósito que Deus lhe confiou, obrigação que dá sentido à sua missão de chefe da família e de cujo cumprimento depende a prosperidade e a própria felicidade do núcleo familiar[4]; donde brota um laço estreitíssimo entre os membros: “somos osso e carne tua” [5]. Uma unidade de destino que leva a resultados paradoxais, como por exemplo, o castigo de uma família completa por culpa do pai[6].

A família é a “casa do pai” e Deus é “o Deus dos nossos pais”. A missão do pai reveste-se de características religiosas. O pai leva a cabo um papel quase sacerdotal[7]. A Família não é só uma unidade social, mas um grupo religioso, que celebra as festas com verdadeira atitude litúrgica na própria casa como sede própria. Por outras palavras, a religião de JHWH, sob o ponto de vista social, não se baseia no trabalho de pregadores carismáticos e nem sequer especificamente da casta sacerdotal, mas no núcleo familiar. E mesmo que não tenham faltado os profetas e os condutores do povo, a religião transmitiu-se na família.

O Novo Testamento apresenta-nos inicialmente a transposição do modelo antigo à nova fé em Jesus Cristo. Famílias completas convertem-se após a conversão do pai: depois da cura do seu filho, o funcionário de Cafarnaum “acreditou ele e toda a sua casa”[8]; o carcereiro de Paulo e Silas[9], e o chefe da sinagoga de Corinto, Crispo[10], são outros exemplos.

Com a expansão do cristianismo em todo o império, o modelo patriarcal hebreu deixou de ser o único, mas não desapareceu o sentido de responsabilidade dos pais para transmitir a fé na família. A literatura é aqui abundantíssima[11] e fascinava São Josemaria não só pelo frescor das narrações, mas também pelas altas aspirações que ali se encontram.

“Por isso, talvez não se possa propor aos esposos cristãos melhor modelo que o das famílias dos tempos apostólicos: o centurião Cornélio, que foi dócil à vontade de Deus, e em cuja casa se consumou a abertura da Igreja aos gentios; Áquila e Priscila, que difundiram o cristianismo em Corinto e em Éfeso, e que colaboraram com o apostolado de São Paulo; Tabita, que com a sua caridade assistiu os necessitados de Jope. E tantos outros lares de judeus e gentios, de gregos e romanos, aos quais chegou a pregação dos primeiros discípulos do Senhor.

Famílias que viveram de Cristo e que deram a conhecer Cristo. Pequenas comunidades cristãs, que atuaram como centros de irradiação da mensagem evangélica. Lares iguais aos outros lares daqueles tempos, mas animados de um espírito novo, que contagiava os que os conheciam e com eles se relacionavam. Assim foram os primeiros cristãos e assim havemos de ser nós, os cristãos de hoje” [12].

A admiração de São Josemaria pelos primeiros cristãos e o fato de propô-los continuamente como modelo, nada tirava, obviamente, ao reconhecimento de todos os frutos de santidade que a Igreja produziu em dois milênios de história, santidade “cultivada” muito amiúde nas famílias cristãs. Mas as primeiras gerações realçam muito bem três aspectos básicos:

a) a meta a que aspiram é a santidade, entendida como identificação com Cristo;

b) a missão de cristianização da sociedade e da cultura (que equivale à aproximação a Cristo das pessoas singulares) corresponde a cada um dos cristãos no seu próprio ambiente, a começar pela família;

c) tudo isto tem a sua origem no batismo, quer dizer, no fato de ser cristãos, e não em mandatos particulares da hierarquia ou em atos de consagração acrescentados.

Voltando à missão educativa dos pais com os seus próprios filhos, São Josemaria Escrivá ensinou sempre, não sem incompreensões iniciais, que o matrimônio é uma vocação divina e que, no próprio sacramento, radica a sua grandeza, as suas obrigações e a sua eficácia.

“O matrimônio existe para que aqueles que o contraem se santifiquem através dele: para isso os cônjuges têm uma graça especial conferida pelo sacramento instituído opor Jesus Cristo. Quem é chamado ao estado matrimonial encontra nesse estado — com a graça de Deus — tudo o que necessita para ser santo, para se identificar cada dia mais com Jesus Cristo, e para levar ao Senhor as pessoas com quem convive.

(…) Devemos trabalhar para que essas células cristãs da sociedade nasçam e se desenvolvam com ânsia de santidade, com a consciência de que o sacramento inicial — o batismo — confere já a todos os cristãos uma missão divina, que cada um deve cumprir no seu próprio caminho.

Os esposos cristãos devem ter a consciência de que são chamados a santificar-se santificando, de que são chamados a ser apóstolos, e de que seu primeiro apostolado está no lar. Devem compreender a obra sobrenatural que supõe a fundação de uma família, a educação dos filhos, a irradiação cristã na sociedade. Desta consciência da própria missão dependem, em grande parte, a eficácia e o êxito da sua vida: a sua felicidade.” [13].

A missão de educadores da fé nasce dos sacramentos. Ao educar, os pais são a Igreja que educa. O seu lar é igreja doméstica. E além de ser um dever, é também um direito, como reconhece claramente o Código de Direito Canónico[14].

São Josemaria presta atenção aos motivos naturais que fundamentam o carácter insubstituível dos pais, como educadores da fé. Este trabalho não pode ser visto como um mero empenho, por santo que seja, mas como uma verdadeira necessidade: o que não fizerem os pais, não poderá fazê-lo mais ninguém em seu lugar.

“Em todos os ambientes cristãos se conhecem por experiência os bons resultados que dá essa natural iniciação na vida de piedade, feita ao calor do lar. A criança aprende a colocar o Senhor na linha dos primeiros afetos fundamentais, aprende a tratar a Deus como Pai e a Virgem Maria como Mãe, aprende a rezar seguindo o exemplo dos pais. Quando se compreende isto, vê-se a enorme tarefa apostólica que os pais podem realizar e como têm obrigação de ser sinceramente piedosos, para poderem transmitir — mais do que ensinar — essa piedade aos filhos”[15].

Aqui fala o pastor, não o pedagogo, e fala com a segurança de uma vida interior santa e de uma vastíssima experiência de almas. E, no entanto, a sua intuição concorda com as investigações da psicologia infantil que marcou a pedagogia do século XX. Baldwin atribuía à imitação dos pais a formação do próprio eu. Bovet formulou a noção de “respeito” como atitude de submissão e de afeto que se dá principalmente em relação aos pais e que permite à criança a assimilação das orientações morais. Depois foi Piaget que demonstrou a dependência afetiva dos pais na aprendizagem dos valores[16].

A criança capta o que se lhe oferece através do inimitável laço afetivo com os pais. É experiência comum. Como é também conhecida a escassa eficácia das instituições alternativas à família, mesmo que estejam motivadas pelas melhores intenções. Merecem um grande louvor tantos institutos de beneficência que, com caridade cristã, educaram, também na fé, a crianças sem pais; nesses ambientes Deus suscitou inclusive grandes santos. Mas, em geral, são precisamente eles os que demonstram como os pais cristãos são imprescindíveis. Mais ainda, a multissecular história da educação cristã é testemunho bem fiável de que dificilmente germina a semente da vida sobrenatural se não encontra a colaboração dos pais. Pelo contrário, a sinergia família-escola (ou família e educadores cristãos em geral) é de uma eficácia globalizante. Aqui está outra intuição pastoral de São Josemaria que hoje é prática difundida em todo o mundo e que representa uma novidade no campo educativo: a promoção de centros educativos que se coloquem em continuidade com a ação formativa dos pais e nos quais continuam a exercer o papel de principais educadores.

Aprofundando e aplicando o princípio do primado educativo dos pais, São Josemaria dava-lhes uma indicação aparentemente metodológica: tornarem-se amigos dos seus filhos, quer dizer, estabelecer com eles uma relação de confidência, de confiança, de verdadeira participação. O pedagogo Víctor García Hoz, que conhecia São Josemaria Escrivá desde os anos trinta, pôs em evidência a importância deste conselho, recordando que, ao fim e ao cabo, qualquer educação verdadeira se baseia na relação de amizade entre educador e educando[17]. Disse “aparentemente metodológica”, porque a amizade e o amor cristão são caridade e esta não se reduz a técnicas , mas constitui a própria substância da vida nova em Cristo.

Educação para a santidade

Recordávamos antes a admiração de São Josemaria pelo standard formativo dos primeiros cristãos, que tinha como objetivo a santidade, a plena identificação com Cristo. São Paulo assinala dois polos entre os quais se desenvolve qualquer formação cristã autêntica. Na Carta aos Romanos, falando da constrição da lei e da liberdade que Cristo nos ganhou, diz: “se o que eu não quero é que faço (…) não sou eu que o realizo, mas o pecado que habita em mim. Sim, eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita coisa boa; pois o querer está ao meu alcance, mas realizar o bem, isso não”[18]. É o drama da natureza caída e da impossibilidade de ações santas sem a graça. Do ponto de vista da formação, recorda o absurdo (e os danos) de toda a educação moral que não tenha em conta a dificuldade que temos para fazer o bem – debilidade causada pelo pecado –, e prescinda da graça[19]. Encontramos o outro polo na célebre passagem da Carta aos Gálatas, insistentemente citado por São Josemaria: “Já não sou que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que vivo agora na carne vivo-a na fé do Filho de Deus”[20]. É a vida de Cristo no fiel, na qual a atuação moral é a consequência.

A carta aos Gálatas pode ler-se, em minha opinião, como carta magna dos educadores cristãos. Conceitos como “a vida em Cristo”, “ser filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo”, “estar chamados à liberdade”, vão muito mais além do simples cumprimento de preceitos ou códigos morais, e recordam aos formadores que o cristianismo não é uma moral nem uma filosofia de vida, mas uma vida, a vida de Cristo em nós. Por isto Paulo exclama na mesma epístola: “meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!”[21]. Nisto consiste a santidade. E pelo mesmo motivo Paulo adverte contra a tentação de uma orientação formativa empequenecida e, no fundo, mundana: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba. Pois o que um homem semear, também o colherá: quem semear na própria carne, da carne colherá a corrupção; quem semear no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna”[22]. A redução das expectativas na educação familiar (consequência da lógica do “semear na carne”) é o que São Josemaria costumava chamar “o fracasso de Cristo nas famílias cristãs”, famílias que não sabem reconhecer nem aceitar os dons de Deus, por exemplo a vocação dos filhos para uma missão na Igreja (como o chamamento ao sacerdócio ministerial) ou simplesmente o convite divino a assumir coerentemente a vocação à santidade e ao apostolado recebido no batismo.

Os pais que aspiram à santidade e desejam a santidade para os seus filhos compreendem bem aquelas outras palavras de São Josemaria: “Há uma especial Comunhão dos Santos entre os membros de uma mesma família. Se sois muito santos, os vossos filhos terão mais facilidade em sê-lo”[23]. Uma particular comunhão espiritual que nasce uma vez mais do sacramento do matrimônio, porque Cristo assumiu, santificou e tornou vocacionais as relações familiares naturais.

Mas entendamo-nos, a santidade não se pode ensinar como um conteúdo teórico. Os pais podem e devem transmitir as verdades da fé cristã e encaminhar os seus filhos até aos meios de santificação de que dispõe a Igreja. No entanto, é bom recordar que “os pais educam fundamentalmente com a sua conduta. O que os filhos e as filhas procuram no pai e na mãe não são apenas uns conhecimentos mais amplos que os seus, ou uns conselhos mais ou menos acertados, mas algo de maior categoria: um testemunho do valor e do sentido da vida encarnado numa existência concreta, confirmado nas diversas circunstâncias e situações que se sucedem ao longo dos anos”[24].

O que os pais podem fazer é uma séria educação dos seus filhos para a oração: “que Deus seja visto e tratado como é na realidade, também no seio do lar, porque, como disse o Senhor, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles (Mt. 18, 20)” [25].

Não é preciso explicar aqui que uma intensa vida de oração é caminho necessário para a santidade. Ensinou-o Jesus em cada página do Evangelho. São Josemaria Escrivá fez desta verdade o pano de fundo da sua pregação. Dizia constantemente, referindo-se à formação dos jovens: “Se não fazeis dos rapazes homens de oração, perdestes o tempo”[26]. E estabeleceu a formação realizada através dos apostolados do Opus Dei de forma a encaminhar as pessoas à oração mental, bem como a um intenso plano de vida espiritual. Simultaneamente temia, por considerar uma gangrena da alma, o formalismo, a exterioridade, a “observância”, a prática exterior da piedade sem uma correspondência interior de abertura pessoal a Cristo. O que, numa palavra, chamava “beatice”. Aplicava à família os mesmos critérios, com as devidas proporções, ditadas pela idade dos filhos e pelo fato de que os pais não são diretores espirituais. Mas não com menor exigência, porque, bem vistas as coisas, quase todos os cristãos aprenderam as orações na própria família e, no entanto, quantos têm sido almas de oração?

“Ensinar — primeiro com o exemplo e depois com a palavra — em que consiste a verdadeira piedade. A beatice não é mais do que uma triste caricatura pseudo-espiritual geralmente fruto da falta de doutrina e também de certa deformação do humano. É lógico que repugne a quem ama o que é autêntico e sincero.

Tenho visto com alegria como penetra nos moços — nos de hoje como nos de há quarenta anos — a piedade cristã, quando a contemplam feita vida sincera; quando entendem que estar em oração é falar com o Senhor como quem fala com um pai, com um amigo, sem anonimato, com um trato pessoal, numa conversa íntima; quando se procura que ressoem em suas almas aquelas palavras de Jesus Cristo, que são um convite ao encontro confiante: vos autem dixi amicos (Jo 15, 15), eu vos chamei amigos; quando se faz um apelo forte à sua fé para que vejam que o Senhor é o mesmo ontem hoje e sempre (Heb 13, 8).

Por outro lado, é necessário que vejam como essa piedade ingênua e cordial exige também o exercício das virtudes humanas e não se pode reduzir a uns tantos atos de devoção semanais ou diários, devendo penetrar na vida inteira: dando sentido ao trabalho, ao descanso, à amizade, à diversão, a tudo. Não podemos ser filhos de Deus só de vez em quando, embora haja alguns momentos especialmente dedicados a considerá-lo, a penetrarmo-nos desse sentido da nossa filiação divina, que é a essência da piedade.”[27].

Estava convencido de que, devido ao especial laço afetivo com os próprios pais, a piedade aprendida na infância devia ficar enraizada na alma para toda a vida, mesmo sob aparentes afastamentos da fé ou da prática cristã. Dizia aos pais, falando das orações em família:

“A vossa delicadeza e a vossa piedade (…) permanece no fundo da alma. E se depois vêm as paixões, e nos puxam para baixo, e passamos uma temporada má na vida, por fim volta a brotar a boa semente. Não se perde nunca a piedade que vós, as mães, incutis no coração dos vossos filhos”[28].

Aconselhava a ensinar às crianças poucas orações, mas constantes. Não há necessidade de aborrecer com a piedade. Importante é que aprendam que são filhos de Deus e que atuem em consequência. Por isso, para chegar educativamente ao núcleo da união pessoal com Deus, o único caminho que via era uma ampla liberdade, “já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade”[29].

“Convém que não se percam essas tradições maravilhosas de rezar em família, mas sem os obrigar. Que vejam que as conservais com carinho, que saiba a hora que se reza o terço, e acabarão por unir-se a todos. Mas sem os forçar! Se dão oportunidade – e darão, se fazes o possível por ser amigo deles – dizes a cada um, a sós: Olha, este costume que temos é uma coisa de séculos, e deve-se continuar porque agrada muito a Nossa Senhora, porque é grato a Deus, e assim Ele nos abençoa. Mas faze-o quando quiseres, com toda a liberdade. E eles voltarão”[30].

A margem de liberdade será pouco a pouco mais ampla, na medida do seu crescimento e desenvolvimento. Também este é um traço destacado da pedagogia de São Josemaria Escrivá: não temer a liberdade, porque sem ela não há verdadeiro amadurecimento. O próprio Cristo quis correr o risco da nossa liberdade, gostava de dizer. E convidava ao mesmo tempo à paciência (“porque Deus tem muita paciência conosco”), a não ter pressa com as almas, precisamente porque se tem urgência de formá-las bem.

“Não podes obrigar os teus filhos mais velhos a cumprir à força as obrigações religiosas. Não deves agarrá-los pelas orelhas e dizer-lhes: “levo-te à Missa”. Porque, ainda que materialmente os leves à igreja, se não querem ouvir a Santa Missa, não a ouvem.

Que saibam que fazem mal e que ofendem a Deus; e que o ofendem gravemente, se não cumprem as suas obrigações em matéria grave. Mas tu, fica tranquila, e reza. Lembra-te de Santa Mônica que rezava pelo seu filho Agostinho. Se rezas por eles, depois de lhes teres explicado os seus deveres, tem a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, Deus há de mover-lhes o coração, e o Espírito Santo arrastará essas almas, esses corações, até à contrição e à boa conduta”[31].

O primado da graça

Como era um ótimo teólogo, São Josemaria não caiu nunca no engano mais clássico do educador cristão: tentar obter do educando com meios humanos o que só pode ser alcançado com a ajuda da graça de Deus. Pelo contrário, desenvolveu uma constante catequese sobre a necessidade de recorrer sempre às fontes da graça, aos sacramentos, e apresentou a luta ascética pessoal como correspondência à graça.

Utilizando a terminologia de muitos Padres[32], falava de divinização do cristão, como uma realidade de fato e como um objetivo. Levava absolutamente a sério, como pertencentes à vida cristã, as expressões de São João sobre a comunhão (koinonía) entre Cristo e o fiel, que tem como protótipo a comunhão entre Cristo e o Pai. Por exemplo, ensinava a recitar frequentemente e a meditar as palavras de Jesus: “que todos sejam um, como Tu, Pai, em mim e eu em Ti, que assim eles estejam em nós”[33]. E também: “Se algum me ama, guardará a minha palavra, e o meu Pai o amará e viremos a ele e faremos morada nele”[34]. Frase que comentava assim: “O coração necessita então de distinguir e adorar cada uma das Pessoas divinas. De certa maneira, o que a alma realiza na vida sobrenatural é uma descoberta semelhante às de uma criaturinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!”[35].

Basta um olhar aos escritos de São Josemaria Escrivá para perceber a profusão com que volta ao tema da inabitação da Santíssima Trindade na alma, do qual faz derivar o programa prático da vida cristã: vida de “filhos no Filho”[36], quer dizer filhos de Deus in Christo , segundo a expressão recorrente em São Paulo, pelo envio do Espírito Santo[37]. São Paulo, com efeito, desenvolveu o conceito da presença do Espírito na alma, de algum modo pré-anunciada, como foi dito[38], pela shekinah de Deus no Templo: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (…). O templo de Deus é santo, e esse templo sois vós”[39].

São Josemaria formula toda a formação cristã como uma ajuda para que a inabitação e a divinização – e, portanto, a consciência de ser filhos de Deus em Cristo – se traduzam na oração e no recurso oportuno e consciente aos sacramentos. Para ele, conduzir à oração e aos sacramentos era realmente educar.

“Se abandonarmos os Sacramentos, desaparece a verdadeira vida cristã. Contudo, não se nos oculta que particularmente nesta época não falta quem pareça esquecer, e até chegue a desprezar, esta corrente redentora da graça de Cristo. É doloroso falar desta chaga da sociedade que se chama cristã, mas torna-se necessário, para que nas nossas almas se afinque o desejo de recorrermos com mais gratidão e amor a essas fontes de santificação”[40].

Ao longo da sua vida e, de modo particular, entre 1970 e 1975, ano da sua morte, levou a cabo uma amplíssima catequese sobre os sacramentos. Doía-lhe a “moda”, difundida naquela época, de retardar o batismo das crianças com o pretexto de uma escolha mais consciente por parte dos batizados. É oportuno recordar aqui a doutrina sobre os efeitos do batismo, que “não somente purifica de todos os pecados, mas que também faz do neófito “uma nova criação” (2 Cor 5, 17), um filho adotivo de Deus, que foi feito “participante da natureza divina” (2 Pe 1, 4), membro de Cristo, co-herdeiro com Ele e templo do Espírito Santo. A Santíssima Trindade dá ao batizado a graça santificante, a graça da justificação que o torna capaz de crer em Deus, de esperar n’Ele e de amá-lo através das virtudes teologais; concede-lhe poder viver e atuar sob a moção do Espírito Santo mediante os dons do Espírito Santo; permite-lhe crescer no bem através das virtudes morais”[41].

Baseado nesta forte convicção, São Josemaria lamentava: “não falta quem pareça esquecer – e chegue até a desprezar – esta corrente redentora da graça de Cristo.(…) Decidem sem o menor escrúpulo adiar o batismo dos recém-nascidos, e assim cometem um grave atentado contra a justiça e contra a caridade, privando esses seres da graça da fé, do tesouro incalculável da inabitação da Santíssima Trindade na alma, que vem ao mundo manchada pelo pecado original. Pretendem também desvirtuar a natureza própria do Sacramento da Crisma, em que a Tradição viu sempre unanimemente um fortalecimento da vida espiritual, uma efusão silenciosa e fecunda do Espírito Santo, para que, sobrenaturalmente robustecida, a alma possa lutar – miles Christi, como soldado de Cristo – nessa batalha interior contra o egoísmo e a concupiscência.”[42].

Com frequência referia-se também à confissão das crianças, animando os pais a levar os seus filhos, sem adiamentos, a esse sacramento.

“Que alegria ir confessar-se! Eu confessei milhares e milhares de crianças. Não se perde o tempo: aproveita-se, aprende-se com aquelas almas nas quais o Espírito Santo está atuando. Assim como vós, as mães dais aos vossos filhos o vosso sangue e, depois o néctar do vosso peito; assim o Espírito Santo, metido na alma dessas criaturas, que talvez não se deem conta de nada, atua, atua, atua. E o sacerdote colabora com Ele, com o Espírito Santo. Além disso, está a graça do sacramento, que é também o Espírito Santo em ação”[43].

E chegamos assim ao verdadeiro fundamento da formação cristã segundo São Josemaria Escrivá: a filiação divina. Deus criou-nos para nos dar gratuitamente uma dignidade superior, estritamente sobrenatural: ser filhos adotivos, filhos no Filho, membros da família do Pai, Filho e Espírito Santo: domestici Dei[44] [44]. “O modo em que Deus nos constitui membros da sua família – escreve Fernando Ocáriz comentando os ensinamentos de São Josemaria – é muito concreto: a filiação. Esta familiaridade divina não é, em nós, uma simples questão moral, um simples comportamento, mas, antes, fundamenta-se numa real transformação – elevação, adoção –, pois «a fé diz-nos que o homem, em estado de graça, está endeusado» (Cristo que passa, n. 103), quer dizer, metido verdadeiramente em Deus, introduzido a participar da vida divina; dessa Vida que são as Processões eternas da Santíssima Trindade (…). Deus quer não só, num esbanjamento de bondade, que o tratemos como um pai, mas num esbanjamento incomparavelmente maior do seu amor, adota-nos como seus filhos”[45]. Assim escreve São João: “Vede que amor por nós teve o Pai, querendo que nos chamemos filhos de Deus e o sejamos de verdade”[46]. São Josemaria fez da filiação divina o fundamento da vida espiritual. Nos seus ensinamentos este não é mais um aspecto, mas sim o enquadramento transversal e omnicompreensivo.

“A piedade que nasce da filiação divina é uma atitude profunda da alma, que acaba por informar a existência inteira: está presente em todos os pensamentos, em todos os desejos, em todos os afetos. Porventura não observamos já que, nas famílias, os filhos, mesmo sem o perceberem, imitam seus pais, repetem os seus gestos, os seus costumes, adotam tantas vezes idêntico modo de comportar-se?

O mesmo se passa na conduta do bom filho de Deus: consegue-se também – sem que se saiba como nem por que caminho – um endeusamento maravilhoso, que nos ajuda a focalizar os acontecimentos com o relevo sobrenatural da fé. Amam-se todos os homens como o nosso Pai do Céu os ama e – isto é o que mais conta – obtemos um brio novo no nosso esforço diário por aproximar-nos do Senhor. Pouco importam as misérias, insisto, porque aí estão os braços amorosos do nosso Pai-Deus para nos levantarem.”[47]

Falando aos pais dizia que o ponto principal da formação cristã dada aos seus filhos era o conhecimento de Deus como Pai. E não deveria ser difícil aos pais que são amados pelos seus filhos a transposição do modelo filial, do natural ao sobrenatural.

As virtudes humanas

Outro aspecto central da orientação que São Josemaria dá à formação cristã é a importância atribuída às virtudes humanas. Gostava de empregar o adjetivo humanas para sublinhar que se tratam de hábitos que honram a pessoa que os tem, que estão na base do comportamento livre e que “alguns têm, mesmo sem conhecerem Cristo”[48].

“Neste mundo, muitos não privam com Deus. São criaturas que talvez não tenham tido ocasião de ouvir a palavra divina ou que talvez a tenham esquecido. Mas as suas disposições são humanamente sinceras, leais, compassivas, honradas. E eu me atrevo a afirmar que quem reúne essas condições está prestes a ser generoso com Deus, porque as virtudes humanas compõem o fundamento das sobrenaturais”[49].

Consequentemente, para a atuação cristã as virtudes humanas e as sobrenaturais exigem-se reciprocamente, sendo as primeiras a base das segundas. É difícil exercitar, por exemplo, a fortaleza sobrenatural se humanamente faltam os hábitos de domínio de si próprio, ou a prudência cristã se naturalmente se é leviano.

Por outro lado, as virtudes humanas, num cristão, convertem-se em sobrenaturais quando são vivificadas pela caridade e podem ser desenvolvidas com a ajuda da graça divina[50]. Para a formação das virtudes na vida familiar é preciso que ter presente que, como adverte São João Paulo II, “por uma espécie de osmose, os filhos incorporam às suas vidas e à sua personalidade aquilo que respiram no ambiente do lar, como fruto das virtudes que os pais cultivaram nas suas próprias vidas. O melhor modo de esculpir as virtudes no coração dos filhos é oferecê-las gravadas na vida dos pais. Virtudes humanas e virtudes cristãs, em harmoniosa e forte unidade, tornam amável o ideal contemplado nos pais, e estimulam os filhos a empreender a sua conquista”[51].

Uma vida virtuosa é atraente. Mas São Josemaria reconhecia que entre os cristãos nem sempre é assim.

“Talvez tenhamos observado (…) tantos e tantos que se dizem cristãos – por terem sido batizados e por receberem outros Sacramentos -, mas que se mostram desleais, mentirosos, insinceros, soberbos... E caem de repente. Parecem estrelas que brilham por um instante no céu e, de súbito, precipitam-se irremediavelmente. Se aceitamos a nossa responsabilidade de filhos de Deus, devemos ter em conta que Ele nos quer muito humanos. Que a cabeça toque o céu, mas os pés assentem com toda a firmeza na terra. O preço de vivermos cristãmente não é nem deixarmos de ser homens nem abdicarmos do esforço por adquirir essas virtudes que alguns têm, mesmo sem conhecerem Cristo. O preço de cada cristão é o Sangue redentor de Nosso Senhor, que nos quer – insisto – muito humanos e muito divinos, diariamente empenhados em imitá-lo, pois Ele é perfectus Deus, perfectus homo, perfeito Deus, perfeito homem.”[52].

O cristão que não se empenha na prática das virtudes, que não se esforça no cumprimento dos seus deveres familiares, profissionais e sociais, e também no exercício dos seus próprios direitos, não pode ser um bom discípulo de Cristo, e causa dano à Igreja. Significativamente, São Josemaria queria que, na família e nos centros educativos, os filhos recebessem uma profunda formação sobre os seus direitos e deveres como cidadãos livres que, com uma marcada sensibilidade pelo bem comum, devem contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Julgava ruinosas duas posições opostas, mas que coincidem em esvaziar o homem da sua humanidade.

“Certa mentalidade laicista e outras maneiras de pensar que poderíamos chamar pietistas, coincidem em não considerar o cristão como homem íntegro e pleno. Para os primeiros, as exigências do Evangelho sufocariam as qualidades humanas; para os outros, a natureza decaída poria em perigo a pureza da fé. O resultado é o mesmo: desconhecem a profundidade da Encarnação de Cristo, ignoram que o Verbo se fez carne, homem,e habitou entre nós.”[53].

É aqui onde se situa em boa parte a ascese cristã [54]. E aqui era muito exigente, primeiro consigo próprio e depois com os outros. Contando sempre com a graça de Deus, animava a orientar as próprias potências com a tenacidade e o otimismo do atleta e com a firmeza do asceta. Nos lares cristãos, dizia, há que criar um clima de sinceridade, de generosidade, de lealdade. Nas escolas e nos ambientes formativos é preciso procurar, sem concessões, que as pessoas desenvolvam estas atitudes porque queremos que sejam santas.

“Quando uma alma se esforça por cultivar as virtudes humanas, o seu coração está já muito perto de Cristo. E o cristão percebe que as virtudes teologais – a fé, a esperança, a caridade -, e todas as outras que a graça de Deus traz consigo, o impelem a nunca descurar essas boas qualidades que compartilha com tantos homens.

As virtudes humanas – insisto – são o fundamento das sobrenaturais; e estas proporcionam sempre um novo impulso para nos desenvolvermos como homens de bem. Mas, em qualquer caso, não é suficiente o desejo de possuir essas virtudes: é preciso aprender a praticá-las. Discite benefacere, aprendei a fazer o bem. Temos que exercitar-nos habitualmente nos atos correspondentes – atos de sinceridade, de equanimidade, de serenidade, de paciência -, porque obras é que são amores, e não se pode amar a Deus só de palavra, mas com obras e de verdade.

Se o cristão luta por adquirir estas virtudes, a sua alma dispõe-se a receber com eficácia a graça do Espírito Santo. E as boas qualidades humanas ficam reforçadas com as moções que o Paráclito introduz na alma. E a Terceira Pessoa da Trindade Beatíssima – doce hóspede da alma – oferece os seus dons: dom de sabedoria, de entendimento, de conselho, de fortaleza, de ciência, de piedade, de temor de Deus.

(…) A nossa fé dá todo o seu relevo a estas virtudes que pessoa alguma deveria deixar de cultivar. Ninguém pode vencer o cristão em humanidade. Por isso, quem segue Cristo é capaz – não por mérito próprio, mas pela graça do Senhor – de comunicar aos que o rodeiam aquilo que às vezes pressentem, mas não conseguem compreender: que a verdadeira felicidade, o autêntico serviço ao próximo passa necessariamente pelo Coração do nosso Redentor, perfectus Deus, perfectus homo, perfeito Deus, perfeito homem”[55].

São Josemaria pode ser contado entre os santos educadores, dos que é rica a história da Igreja? Certamente pode dizer-se que foi um extraordinário promotor da formação cristã, não só através das instituições educativas que se inspiram nos seus ensinamentos, mas também, e, principalmente, com a própria vida do Opus Dei, que gostava de definir como “uma grande catequese”. Formação de cristãos no meio do mundo orientada para ajudá-los a assumir, com toda a radicalidade e com os meios adequados, o chamamento batismal à vida em Cristo.


[1] Concílio Vaticano II, Decl. Gravissimum educationis , n. 3, Cfr. também Const. dogm. Lumen gentium , n. 11 e Const. past. Gaudium et spes , n. 52; e no Magistério pós-conciliar, João Paulo II, Ex. apost. Catechesi tradendae , 16-X-1979. nn. 68-69; Ex. apost. Familiaris consortio , 22-XI-1981, n. 21; e Carta às famílias , 2 II-1944, n. 16. Neste último texto o Papa explica que a educação dos filhos é prossecução e desenvolvimento do amor conjugal, e uma participação do amor paternal e maternal de Deus. Cfr. também mensagem aos participantes da XII Assembleia plenária do Pontifício Conselho para a Família, 29-IX-1995, sobre o tema A transmissão da fé na família .

[2] Sobre o alto conceito que São Josemaria tinha da educação como atividade humana e como expressão apostólica, ver F. Ponz Piedrafita, A educação e a atividade educativa nos ensinamentos de Mons. Josemaria Escrivá de Balaguer, Eunsa, Pamplona 1976.

[3] Dt 6, 2-7.

[4] Cfr. Dt 6, 10ss.

[5] 2 Sm 5, 1.

[6] Cfr. Js 7, 16-26.

[7] Cfr. 1, 5.

[8] Jo 4, 53.

[9] Cfr. Act 16, 16-39.

[10] Cfr. Act 18, 8.

[11] Além dos conhecidos estudos de A. Hamman ( La vie quotidienne des premiers chrétiens ) e de G. Bardy ( La vie spirituelle d’après les Pères des trois premiers siècles ), limito-me a citar: E Cavalcanti, La vita familiare , em C. Burini – E. Cavalcanti, La spiritualità della vita quotidianna negli scritti dei Padri della Chiesa, Ed. Dehoniane, Bologna 1988, pp. 155-179.

[12] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa , n. 30.

[13] São Josemaria Escrivá , Questões Atuais do Cristianismo , n. 91.

[14] Cfr. cân. 1136.

[15] São Josemaria Escrivá, Questões Atuais do Cristianismo , n. 103. “Os pais, doando a vida e recebendo-a num clima de amor, estão providos de um potencial educativo que nenhum outro detém; de um modo único conhecem os seus próprios filhos na sua irrepetível singularidade e, por experiência, possuem os segredos e os recursos do amor verdadeiro” ( Pontifício Conselho para a Família , Orientações educativas em família, 8-XII-1995, n. 79).

[16] Uma excelente reflexão filosófica sobre o amor como alma da educação, amplamente inspirada nos ensinamentos de São Josemaria Escrivá, desenvolve-a C. Cardona em Ética del quehacer educativo, Rialp, Madrid 1990.

[17] Cfr. V. García Hoz, La pedagogia in Mons. Escrivá de Balaguer , em “Studi Cattolici” 182-183 (1976), pp. 260-266. Cfr. também T. Alvira, ¿ Como ayudar a nuestros hijos? , Palabra, Madrid 1983.

[18] Rm 7, 16-18.

[19] Cfr. Catecismo da Igreja Católica , n. 407.

[20] Gal 2, 20.

[21] Gal 4, 19.

[22] Gal 6, 7-8.

[23] Notas de uma tertúlia em Valência (Espanha), 19-XI-1972: AGP, P11, p. 101.

[24] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa , n. 28.

[25] São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 103.

[26] São Josemaria Escrivá, Instrução , 9-I-1935, n. 133.

[27] São Josemaria Escrivá, Temas Atuais do Cristianismo , n. 102.

[28] Notas de uma tertúlia em S. Paulo (Brasil), 4-VI-1974: AGP, P11, p. 104.

[29] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa , n. 27.

[30] Notas de uma tertúlia em Madri (Espanha), 28-X-1972: AGP, P11, p. 109.

[31] Notas de uma tertúlia em S. Paulo (Brasil), 2-VI-1974; AGP, P11, p. 111.

[32] Cfr., por exemplo, J. Grosso, La divinisation du chrétien d’après les Pères Grecs, Gabalda, Paris 1938; cfr. também o artigo Divinisation, no Dictionnaire de Spiritualité, Beauchesne, Paris.

[33] Jo 17, 21.

[34] Jo 14, 23.

[35] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 306.

[36] Concílio Vaticano II, Decl. Gaudium et spes , n. 22.

[37] Cfr. Gal 4, 6.

[38] Cfr. L. Bouyer, La Bible et l’Évangile, Du Cerf, Paris 1952; Idem , Mysterion. Du mystère à la mystique , Oeil, Paris 1986.

[39] 1 Cor 3, 16-17.

[40] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa , n. 78.

[41] Catecismo da Igreja Católica , nn. 1265-1266.

[42] São Josemaria Escrivá, É Cristo que passa , n. 78.

[43] Notas de uma tertúlia em Santiago do Chile , 2-VII-1974; AGP, P11, p. 106.

[44] Ef 2, 19.

[45] F. Ocáriz, Naturaleza, Gracia y Gloria , Eunsa, Pamplona 2000, pp. 183-184 (capítulo La filiación divina, realidad central en la vida y en la enseñanza de Mons. Escrivá de Balaguer). «A nossa relação com as três pessoas divinas é uma relação baseada na nossa participação na filiação de Cristo por iniciativa de Pai, que quer fazer-nos filhos no Filho, e pela infusão do Espírito, o qual nos assimila a Cristo enquanto Filho» (J. A. Sayés, La gracia de Cristo , BAC, Madrid 1993, p. 283).

[46] 1 Jo 3, 1.

[47] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 146.

[48] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 75.

[49] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 74.

[50] “Não basta essa capacidade pessoal, pois ninguém se salva sem a graça de Cristo” (São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 75).

[51] João Paulo II, Discurso aos participantes na IV Assembleia geral do Conselho Pontifício para a Família , sobre o tema: O sacramento do matrimónio e a missão educativa , 10-X-1986, n. 5; AAS 79 (1987) 286-290.

[52] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 75.

[53] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , n. 74.

[54] Cfr. V. García Hoz, Pedagogía de la lucha ascética, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Madrid 1946, especialmente pp. 387-411.

[55] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus , nn. 91-93.