O que dizer desses sessenta anos juntos?
Maria Lucia. Quando nos casamos, Jorge tinha 24 anos e eu 18. Tivemos nove filhos: quatro na primeira década e cinco na segunda. Os dois últimos são gêmeos. Quantas alegrias e quantas turbulências. Nós nos casamos no dia 1º de maio, dia do trabalho e de São José operário, de modo que não nos faltou trabalho. Valeu a pena!
Jorge. Uma trabalheira, mas também uma alegria só!
Vocês tiveram nove filhos! As pessoas não se surpreendem?
Maria Lucia. Nossos filhos cresceram muito unidos, amigos uns dos outros. É natural que uns tenham mais afinidades entre si, mas todos – graças a Deus – se querem muito bem. Todos se interessam pela sorte de cada um. São duas mulheres e sete homens das mais diversas profissões: dois engenheiros, uma psicóloga, uma paisagista, um advogado e três administradores de empresa (dos quais um depois tornou-se sacerdote). Um não se formou: Deus o chamou para junto de si aos 15 anos.
Jorge. As pessoas se surpreendem e eu sempre insisto nas alegrias insuperáveis que continuamente tivemos e na colaboração que demos à sociedade com esses filhos tão bons (sou um pai coruja) e de quem tanto nos orgulhamos!
Que experiência transmitiriam aos casais mais jovens?
Maria Lucia. A felicidade se constrói com a fidelidade, diariamente. Não esquecemos a promessa do dia do casamento: “Na saúde e na doença...”. Com a graça do sacramento e sempre com a ajuda de Deus, chega-se às bodas de diamante.
Jorge. Penso que transmitimos a outros casais uma visão positiva acerca de uma família numerosa e que devemos manter sempre uma total confiança em Deus, tanto no referente à educação dos filhos, como no tocante aos meios materiais necessários para sustentar a família. Estes meios, sempre justinhos para cobrir as necessidades, nunca nos faltaram! Nesses sessenta anos, temos muito a agradecer a Deus.
O que significa para vocês ter um filho sacerdote?
Maria Lucia. Ter um filho sacerdote é uma grande alegria, mas também uma grande responsabilidade. É fruto de muita oração, da oração de gerações. Certo dia, em conversa com minha mãe, antes mesmo do nosso casamento, falando sobre ter um filho sacerdote, disse-lhe: “Mãe, ninguém o merece, é Deus quem escolhe”. O sacerdote é um escolhido de Deus! E abre mão de muitas coisa boas para atender ao chamado divino.
Vocês participam dos meios de formação do Opus Dei há quase cinquenta anos. O que destacariam na mensagem do Opus Dei a respeito da família?
Maria Lucia. Sozinhos, meu marido e eu não daríamos conta do recado. Nove filhos são nove provas de confiança de Deus em nós. Ao longo desses anos, recebemos uma valiosa ajuda através da formação do Opus Dei: tanto o casal como os filhos. Quatro dos nossos filhos são fiéis da Prelazia.
Jorge. Quando o Fundador do Opus Dei esteve no Brasil, em 1974, estivemos com ele, a família toda. Ao nos ver, suas primeiras palavras foram: “Maravilhosos”; “Deus teve muita confiança em vocês, muita confiança em vocês”. Essas palavras, vindas de um santo, são muito confortadoras, não acha?