Minha experiência no Opus Dei

Desde que o livro "O Código Da Vinci" foi publicado, muito se comentou sobre o Opus Dei. Afinal, quais são os seus mistérios e o que há de verídico na obra de Dan Brown? Denise de Arruda Campos faz parte da Obra há mais de 20 anos e respondeu a algumas perguntas sobre a sua experiência na instituição.

Desde que o livro "O Código Da Vinci" foi publicado e se tornou um fenômeno de vendas, muito se comentou sobre o Opus Dei e a vida dos seus membros. Afinal, quais são os mistérios do Opus Dei e o que há de verídico na polêmica obra de Dan Brown? Denise de Arruda Campos faz parte da Obra há mais de 20 anos. Formada em Letras pela Unicamp, natural de Monte Alto - SP, Denise respondeu a algumas perguntas sobre a sua experiência na instituição.

Desde quando você faz parte do Opus Dei? Como tudo começou?

Conheci o Opus Dei através de um colega que fazia o colegial comigo. Ele me emprestou um livro de São Josemaria, "Amigos de Deus", e foi aí que tive o meu primeiro contato com a Obra. Depois, na Unicamp, conheci uma moça que frequentava as palestras que um sacerdote do Opus Dei dava, uma vez por semana, e fiquei cativada com a visão de fé com que tocava os temas do dia-a-dia: o estudo, o trabalho, o namoro, os ideais, a família... Foi uma luz nova na minha vida, que sempre me ajudou a encarar os momentos fáceis e os muito difíceis, como, por exemplo, o acidente do meu irmão.

Você já leu o livro ou viu o filme "O Código Da Vinci"? Qual a sua opinião sobre o romance?

Não li o livro nem pretendo assistir ao filme, pois me falta tempo para fazer muitas coisas boas que gostaria de realizar, como, por exemplo, levar adiante projetos sociais – que não são mais numerosos por falta de braços –, ou incrementar minha cultura conhecendo a literatura de diferentes países. Não tenho disposição de perder tempo com um filme que não tem nenhuma base histórica, artística ou religiosa fidedigna.

O que é a santidade para um membro do Opus Dei? Que tipos de sacrifícios realizam os que fazem parte da instituição?

As pessoas que se aproximam da Obra descobrem que o sacrifício que mais agrada a Deus é trabalhar bem, com competência profissional, oferecendo-o por amor; sorrir quando não se tem vontade, acordar na hora para atender aos compromissos pessoais, sem atrasos, não dar importância a um detalhe molesto na convivência com os demais, atrasar um copo de água quando se tem sede, cuidar dos filhos mesmo quando estiver cansada ou sem vontade...

Os rituais de mortificação corporal estão sendo muito comentados. Existem realmente? Qual o propósito?

Como tem sido amplamente comentado, uns poucos membros do Opus Dei usam diariamente a mortificação do cilício – duas horas por dia – oferecendo este pequeno incômodo a Deus pelas intenções do Papa, pelos pecadores, pelos amigos, para que estejam perto de Deus. É como os sacrifícios que ofereciam os pastorzinhos de Fátima, recentemente canonizados, que sentiram-se chamados a se unir ao sacrifício de Cristo na Cruz, para levar mais almas para o Céu. E para os mais curiosos, esta mortificação não sangra e não prejudica a saúde. É bem menos incômoda do que uma cirurgia plástica, onde se sofre muito só para melhorar a aparência física.

Tanto o livro quanto o filme levantam dúvidas sobre a história de Jesus. Você acredita que ele possa ter sido casado, tido filhos e vivido como um homem comum, e não como um ser divino?

Basta estudar a sério a História Sagrada católica para saber que Dan Brown não se apoiou em nenhuma investigação científica para afirmar os maiores absurdos com relação à Igreja Católica e ao cristianismo em geral. Só se pode aceitar o que está escrito neste livro como uma ficção sem nenhum valor histórico ou religioso. Muitos o consideraram um plágio, pois repete o mesmo erro de livros anteriores.

O Opus Dei é acusado constantemente de ser muito rigorosa e conservadora, especialmente com referência ao sexo. Como o Opus Dei encara as relações sexuais fora do casamento, a homossexualidade, a bissexualidade, o uso da camisinha e a Aids?

Num mundo tão relativista, a Igreja Católica choca, como Cristo e os seus seguidores de todos os tempos chocaram. Simplesmente por estarem defendendo uma verdade que não muda com o passar do tempo, pois está inscrito no mais profundo de cada homem.

O Opus Dei tem a mesma doutrina da Igreja Católica para os temas da sexualidade. Basta consultar o Catecismo da Igreja Católica para termos respostas claras sobre isso.

"O Código Da Vinci" afirma, entre outras coisas, que por muito tempo a Igreja tentou "demonizar" as mulheres, chegando a perseguir e matar muitas delas, com a finalidade de destruir a crença no "sagrado feminino", difundida pelos pagãos. Como você se sente fazendo parte de uma instituição apontada como sendo injusta e até mesmo cruel com as mulheres?

Eu me sinto uma mulher plenamente realizada com o que sou e faço. Minha família é testemunha disso. No filme, há demasiadas invenções e muita astúcia, para tornar a história verossímil. Veja o exemplo de Nossa Senhora, que é mulher e tem sido colocada como modelo para todas as gerações, e é querida e venerada como Mãe, Rainha, Advogada, Virgem Poderosa, Assento da Sabedoria... E as santas que são vistas como grandes intercessoras por milhares de pessoas, como o são: Santa Rita de Cássia, Santa Teresa de Jesus, Santa Teresinha, Santa Marta, Santa Cecília e, mais recentemente, Santa Benedita da Cruz, que era a grande filósofa Edith Stein, cabeça privilegiada, judia que se converteu ao cristianismo na época da perseguição nazista. Não me parece que a Igreja tenha as mulheres em pouca consideração, de forma alguma.

Homens e mulheres têm a mesma dignidade de filhos de Deus e são igualmente chamados à santidade heróica em virtude do Batismo. Na Obra, as mulheres e os homens vivem o mesmo espírito, promovem apostolados similares, exercem todas as profissões honradas, procuram da mesma forma santificar o trabalho e a vida familiar. Além disso, os fiéis leigos do Opus Dei, homens e mulheres, desempenham idênticas tarefas de direção e de formação na Prelazia.