Entrevista a Mons. José Luis Illanes acerca da revista “Studia et documenta”

O “Instituto Histórico São Josemaria Escrivá” (ISJE) lança agora uma revista especializada: “Studia et Documenta”. Com periodicidade anual, reunirá estudos científicos: históricos, teológicos, jurídicos, sociológicos, etc. Contará com uma secção dedicada à edição de fontes, dará conta dos principais eventos científicos em torno destas matérias e proporcionará informação bibliográfica.

Apresentamos uma entrevista a Mons. José Luís Illanes, diretor do Instituto Histórico São Josemaria Escrivá de Balaguer

Qual a razão para publicar uma revista histórica sobre São Josemaria e o Opus Dei?

São Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, e a sua mensagem sobre a chamada universal à santidade, sobre a santificação do trabalho, sobre a valorização humana e cristã da vida normal e corrente, atraíram a atenção tanto dos meios de comunicação, como dos ambientes científicos, especialmente dos que se dedicam à história do cristianismo e à análise da incidência cultural da mensagem cristã.

Demonstram-no as amplas e documentadas biografias publicadas nas últimas décadas, bem como estudos e ensaios sobre o seu pensamento e espiritualidade. Existem também, embora em menor número, estudos sobre a história e a ação apostólica da instituição por ele fundada, isto é, sobre o Opus Dei.

Tudo isto fez sentir a necessidade de um instrumento - e, em concreto de uma revista - que facilitasse um estudo contínuo, científico e bem documentado da história do Opus Dei e, portanto, um aprofundamento da personalidade e da obra do seu fundador.

De que temas se ocupará a revista?

A revista Studia et documenta nasce no seio de uma realidade prévia: o Instituto Histórico São Josemaria Escrivá de Balaguer. O âmbito de interesses da revista coincide com o do Instituto Histórico: para o dizer em poucas palavras, a pessoa, os ensinamentos e a obra de São Josemaria.

E o que é exatamente o Instituto Histórico São Josemaria Escrivá de Balaguer?

É um centro de investigação que se propõe promover estudos históricos sobre o fundador do Opus Dei, assim como sobre o seu espírito, os seus ensinamentos e a repercussão apostólica destes em todo o mundo. Não exclui o apoio a investigações teológicas, pedagógicas, jurídico-canónicas, etc., mas o cerne da sua actividade é constituído pelos estudos históricos. Foi erigido em 2001 pelo prelado do Opus Dei, D. Javier Echevarría.

Que tarefas o Instituto já levou ou está a levar a cabo, além da revista?

O Instituto Histórico, em primeiro lugar, tem o encargo de promover e orientar a edição das obras completas de São Josemaria. Trata-se de uma tarefa que lhe foi encomendada, no próprio momento da sua ereção, pelo prelado do Opus Dei. Em 2002 foi publicada já a edição crítico-histórica da primeira e mais importante das obras de São Josemaria: Caminho. Nessa edição estava já a trabalhar desde há anos o Prof. Pedro Rodríguez. Agora está a trabalhar-se nas edições críticas de outros livros. Também se criou uma coleção de monografias: é outro projeto no qual temos postas muitas esperanças.

Quais serão as características formais e de conteúdo da revista?

A revista Studia et documenta terá a periodicidade anual, pelo menos nos seus começos. A estrutura é simples: cada número compreenderá, como é próprio das revistas especializadas, uma secção de estudos e notas (com um bom grupo de colaborações de uma determinada orientação monográfica), outra de documentação e ainda outra de informação bibliográfica. A secção bibliográfica, da qual se ocupa o Centro de Documentação e Estudos Josemaria Escrivá, divide-se por sua vez, em três grandes secções: recensões de razoável dimensão, em que o autor entra em diálogo, mais ou menos profundamente, conforme os casos, com o autor do livro; resenhas breves, predominantemente informativas; e elencos bibliográficos.

Pode-nos adiantar algo sobre o conteúdo do primeiro número?

Ao pensar nas questões que poderiam ser objecto da secção monográfica deste primeiro número, entre as diversas possibilidades, pareceu oportuno centrar a atenção no início do trabalho apostólico do Opus Dei nalguns países. Concretamente, decidiu-se dedicar um artigo à primeira das nações europeias que São Josemaria visitou a pensar no começo do trabalho (Portugal). E completar o panorama com três artigos dedicados a países do continente americano (México, Equador e Estados Unidos), e um quarto a uma nação asiática (Japão). Outros estudos e notas versam sobre temas vários.

Na secção de documentos, publicamos, entre outros textos, correspondência trocada entre São Josemaria e o bispo de Ávila D. Santos Moro, uma das pessoas a quem, nos difíceis momentos da guerra civil espanhola, o fundador do Opus Dei abriu a sua alma.

Em relação à secção bibliográfica, neste primeiro número as recensões e resenhas dedicam-se a livros publicados em 2002 e 2003. Deixam-se para o número 2 os textos aparecidos a partir de 2004. Depois, a partir do número 3, cada volume reunirá as novidades literárias aparecidas no ano anterior. No que diz respeito aos elencos bibliográficos, publica-se neste número o que abrange todas as edições e traduções das obras publicadas por São Josemaria até 2002. A revista propõe-se apresentar em números sucessivos a atualização deste elenco e outros relativos a estudos sobre São Josemaria e sobre o Opus Dei.

Pode explicar o que é o Centro de Documentação e Estudos Josemaria Escrivá, que mencionou antes de passagem?

É uma instituição anterior, na realidade, ao Instituto Histórico e, naturalmente, à revista. Foi criado na Universidade de Navarra (Pamplona) nos começos da década de 1990, e desde 2002 constitui uma secção do Instituto Histórico. Nestes anos, o Centro de Documentação de Pamplona trabalhou intensamente na preparação de uma base de dados bibliográfica sobre São Josemaria e o Opus Dei. Parecia lógico, portanto, que pudesse encarregar-se, em estreita colaboração com o Conselho Editorial da revista, da secção bibliográfica.

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