Na véspera do regresso a Roma, o fundador do Opus Dei reuniu-se com um grupo de jovens universitários. Um deles pegou numa guitarra e disse que queria que ouvisse uma canção que costuma cantar-se a Nossa Senhora de Guadalupe.

O Padre assentiu e o rapaz começou a dedilhar as cordas e a entoar com voz timbrada:

Quiero cantarte, mujer,
Mi más bonita canción…
Tuyo es mi corazón,
Oh, sol de mi querer.
Tuyo es todo mi amor,
Mi ser te consagré.
Mi vida la embellece
Una esperanza azul…

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O Padre põe-se imediatamente de pé: - Porque não vamos todos à Villa - propõe – para cantarmos essa canção a Nossa Senhora, fazer-lhe uma serenata?

Às oito da noite – à hora marcada, Todos estávamos na Villa, apinhados junto do Padre aos pés de Nossa Senhora de Guadalupe. Assim que chegou, o Padre dirigiu-se ao presbitério e de pé, diante do altar central, sob a imagem da Virgem, entoou a Salve Rainha. O templo encontrava-se completamente cheio: tinham chegado centenas e centenas de pessoas de todo o género para cantar a Nossa Senhora junto do Padre, para lhe fazer uma serenata.

Depois, o Padre colocou-se ao pé de genuflexório, do lado direito da igreja. Começaram a ouvir-se as guitarras:

Tuyo es mi corazón,

Oh, sol de mi querer.

O Padre permanecia de pé, muito emocionado, fitando Nossa Senhora. Em determinada altura ajoelhou-se e pôs as mãos cobrindo o rosto, apoiando-se no genuflexório, tentando conter as lágrimas. E deu-se início à segunda canção:

… Yo le dije
Que de Ella tan solo
Estaba enamorado,
Que sus ojos
Como dos luceros
Me habían fascinado…
Mientras más
Pienso en ella,
Mucho más la quiero

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Começaram os compassos da terceira canção:

Gracias

Por haberte conocido…

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Ao ouvir estas palavras, visivelmente emocionado, o Padre levantou-se e saiu do templo. Acompanharam-no uns poucos, entretanto quase todos os outros permaneciam na Basílica cantando essa canção de amor e de agradecimento à Virgem Maria. Atravessámos a sacristia, cheia de ex-votos, e pela galeria dos milagres chegámos ao carro, e saímos em direcção a casa. Depois de já termos andado bastante tempo em silêncio, que ninguém se atrevia a interromper, o Padre exclamou a meia voz.

- Este México é muito México!

Do livro “Soñad y os quedaréis cortos”, de Pedro Casciaro